quinta-feira, 28 de junho de 2012

Oficina de Documentário

O Ponto de Cultura "Os Serões de Seu Euclides" tem a satisfação de convidar a todos para mais um evento no municipio de Cantagalo. Começa nesta sexta, 29, na Casa de Cultura Euclides da Cunha, a Oficina de Documentário que será ministrada pela jornalista Camila da Cunha.

A presente oficina tem como objetivo formar, com um método ágil e preciso, novos profissionais da área, tendo estes noções de roteiro, edição, direção entre outras atividades.

Esta atividade também é direcionada para os professores da região. A Oficina ajudará os mesmos nas produções de oficinas pedagógicas nas escolas e nas discussões, em especial aos profissionais de língua portuguesa, dos gêneros textuais nas aulas de Língua Portuguesa.

Os encontros ocorrerão na sexta, 29-06, das 19 às 21h, e no sábado, 30-06, das 09 às 16h. Este é mais uma iniciativa do Projeto de Extensão Interinstitucional "100 Anos Sem Euclides", que tem como propósito fomentar a cultura no município de Cantagalo. Contamos com a sua presença.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

II Prêmio Euclidiano de Pequenas Narrativas enche Casa de Euclides da Cunha com famílias

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“Retalhos”. Foi assim que começou a entrega do II Prêmio Euclidiano de Pequenas Narrativas, com a exibição do curta dirigido pelo gestor cultural do Ponto de Cultura Os Serões do Seu Euclides, Rick Azevedo da Cunha, e produzido e editado por Deivid Canto, da Replay Vídeo Produtora. O curta tem como objetivo mostrar os acontecimentos comuns de nossas vidas, que se tornam histórias marcantes e merecem ser transmitidas a todos.  As histórias contadas no curta são as narrativas premiadas no 1º Prêmio Euclidiano de Pequenas Narrativas, realizado pelo Ponto de Cultura Os Serões do Seu Euclides, no ano de 2011.
No seu segundo ano, o Prêmio Euclidiano recebeu mais de 100 inscrições de alunos das redes publica e particular de ensino do Município de Cantagalo, sendo selecionadas dez narrativas de cada categoria. No evento realizado na última sexta-feira, dia 15 de junho de 2012, todos os finalistas receberam certificado de participação. Foram premiadas treze escritores, de diferentes idades, que compuseram narrativas com o tema “Minha família tem história”.  Cada história retratou um pouco das histórias das mais diversas famílias cantagalenses, curiosidades e até aventuras.

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Na categoria 6º e 7º ano, foram premiadas Raissa Neves (E. M. Maria Bellieni D’Olival), em 3º lugar, com a narrativa “Meus pares de brinco”; Lavínia Soton (E. M. Maria Bellieni D’Olival), em 2º lugar, com a narrativa “Minha família brilha”; e João Marcello P. Sant’Anna (Colégio Euclides da Cunha), em 1º lugar, com a narrativa “Minha família tem história”.
Na categoria 8º e 9º ano, foram premiados Henrique Gouvea (Colégio Euclides da Cunha), em 3º lugar, com a narrativa “Polônia”; Caroline dos Anjos (Colégio Estadual Lameira de Andrade), em 2º lugar, com a narrativa “Tardes cantadas”; e Victória Ferreira (E. M. Dacyr José Ribeiro), em 1º lugar, com a narrativa “Seguindo em frente”.
No Ensino Médio, devido à alta qualidade das narrativas, tivemos duas premiações de 1º lugar. São elas: “História de uma família batalhadora”, de Matheus Lucas, e “Copa de 1950”, de Marina Corrêa (ambos do Colégio Euclides da Cunha). O 2º e o 3º lugar ficaram com as narrativas “Meu grande tesouro”, de Ianca Cipriano (Colégio Estadual Lameira de Andrade), e “Uma lição de vida”, de Eduarda Moraes (Colégio Estadual Lameira de Andrade), respectivamente.
Na nova categoria Comunidade, tivemos também três premiações: 1º lugar para Gabriel Corrêa, com “Foi voo doido”; 2º lugar para Air Consendey, com “Minha família tem história”; e 3º lugar para Igor Ferreira, com “Amor até o fim”. Destaque seja dado ao 2º lugar, de Air Consendy, uma escritora tardia, que só após seus 80 anos publicou suas obras.
O concurso II Prêmio Euclidiano de Pequenas Narrativas tem como objetivo incentivar o gosto pela leitura e pela escrita, assim como fomentar o surgimento de novos e jovens autores e, ainda, incentivar a comunidade em geral a dedicar-se ao registro de suas manifestações culturais.
O DVD "Retalhos" está sendo vendido no Ponto de Cultura Os Serões do Seu Euclides.

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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cadernos de Literatura Brasileira do IMS

        O Instituto Moreira Sales divulgou o volume duplo Cadernos de Literatura Brasileira n°13 e 14: Euclides da Cunha, que teve a consultoria de Walnice Nogueira Galvão e Roberto Ventura.

           A publicação é imperdível para aqueles que se dedicam aos estudos euclidianos.

Centro Cultural da USP recebe exposição sobre Os sertões

        

      O cantor, compositor e pintor Roberto Bach mostra seus trabalhos em óleo sobre tela no Centro Cultural da USP/São Carlos, dia 14 de junho de 2012, quinta-feira, com abertura às 19 horas.

        As obras de Roberto em estilo naif são inspiradas em temas baseados em "Os Sertões - Campanha de Canudos", de Euclides da Cunha. Durante a exposição será lançado o livro “Almanaque de São Carlos II”, em que se destaca "Euclides da Cunha em Descalvado e São Carlos", de autoria de Marco Antonio Leite Brandão. O livro foi tema de um trabalho apresentado em 2009 no "Seminário Internacional 100 anos sem Euclides", realizado em Cantagalo, RJ.

- Abertura da mostra: 14 de junho de 2012, quinta-feira, a partir das 19h00.
- Participação do músico Edmilson Marchetti - Visitação: de 15 de junho de 2012 a 2 de Julho de 2012, de segunda a sexta-feira, das 8 às 18h, sábado das 10 às 18 horas. Acesso ao Centro Cultural pela Rua Dr Carlos Botelho, 1465 - São Carlos.
- Apoio do Fundo de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão Universitária da
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária - Evento Gratuito


Fonte: http://www.saocarlosoficial.com.br/noticias/?n=Exposicao+comemora+os+110+anos+de+os+Sertoes+no+Centro+Cultural+da+USP_NCRX864NSA



Euclides da Cunha e o meio ambiente

    Mauro Rosso, pesquisador de literatura brasileira, ensaísta e escritor, publicou um especial para o jornal Opção sobre Euclides da Cunha e sua ligação com a defesa do meio ambiente. Confira:

   Euclides da Cunha foi rigorosamente o primeiro intelectual brasileiro a cultivar e externar preocupações com o meio ambiente, inclusive fazendo da ecologia um tema político, de propostas de ação política. Como não poderia mesmo deixar de ser, face à sua formação consolidada, é sob o prisma e lentes do positivismo que registra, observa e critica os embates entre uma civilização, sempre improvisada, com a natureza do país — críticas essencialmente liberais, sem pretensões de mudar o mundo, ou mesmo os governantes, ainda que escritas de forma a sensibilizar as pessoas.

   Ainda com 18 anos, lavrava um protesto em seu primeiro trabalho no jornal “O De­mocrata”, em 4 abril de 1884, — pequeno jornal dos alunos do colégio Aquino, no Rio de Janeiro, onde estudava desde 1883. No artigo, externando o interesse e apreço pela natureza que estaria presente em toda sua obra, ao lado de descrever em viagem de bonde para o colégio as maravilhas do cenário natural que descortinava, as matas e florestas da cidade do Rio de Janeiro, criticava o progresso representado pela estrada de ferro que degradava a natureza

  “(...) Ah! Tachem-me muito embora de antiprogressista e anticivilizador, mas clamarei sempre e sempre: — o progresso envelhece a natureza, cada linha do trem de ferro é uma ruga e longe não vem o tempo em que ela, sem seiva, minada, morrerá! E a humanidade, não será dos céus que há de partir o grande "Basta" (botem b grande) que ponha fim a essa comédia lacrimosa (...) Tudo isto me revolta ,me revolta vendo a cidade dominar a floresta, a sarjeta dominar a flor !”

   Depois, nos textos “Fa­zedores de desertos”, de 1901, e “Viajando”, de 1903, publicados originalmente em “O Estado de S. Paulo” — suas críticas não se dirigem particularmente a ninguém, muito menos a um governo, e sim credita ao próprio avanço humano o efeito maléfico na vegetação, nos recursos hídricos, nos solos, no clima e por extensão, segundo ele, na própria civilização, provocado pelas queimadas de uma agricultura ainda com métodos herdados do período colonial (clamor que Monteiro Lobato também expressaria anos mais tarde, quase que com as mesmas palavras e discurso). Como na maioria de seus textos sobre o tema, Euclides confronta riquezas passadas e farturas naturais com uma realidade arruinada — “temos sido um agente geológico nefasto e um elemento de antagonismo terrivelmente bárbaro da própria natureza que nos rodeia” — explica didaticamente, o processo de agricultura itinerante que ia tornando a terra cada vez mais desabrigada e pobre, e evoca a história ao atribuir a devastação florestal, como um ciclo desde os primórdios, ao indígena brasileiro, continuada pelo colonizador feito um “terrível fazedor de desertos”, fosse o garimpeiro, “atacando a terra nas explorações mineiras a céu aberto, esterilizando-a com o lastro das grupiaras, retalhando-a a pontaços de aluvião” ou lavrador, “eliminando, a partir do mau ensinamento aborígene [a queimada] as grandes extensões de matas e florestas e aviltando o clima”, tornados ambos herdeiros de um modelo nefasto de uso da terra, agravando-o a ponto de esterilizar sua fertilidade e tornar a paisagem uma ruína só, de natureza e de pessoas, inclusive desencadeando fenômenos climáticos e geológicos na formação de desertos e do regime das secas — que dissecaria como ninguém ao dedicar-se ao sertão.

   Euclides contestava um modelo “peculiar e oportunista” de desenvolvimento, então incipiente com a implementação da República, que “povoa despovoando”, “não multiplica as energias nacionais, desloca-as”, fazendo “avançamentos que não são um progresso”, indo “ao acaso, nesse seguir o sulco das derribadas, deixando atrás um espantalho de civilização tacanha nas cidades decaídas circundadas de fazendas velhas”. Não obstante sua crença na ciência, na técnica — aliada ao indissolúvel embasamento cientificista-positivista — Euclides não era um incondicional defensor do progresso pelo progresso, haja vista, por exemplo, a lúcida observação exposta no artigo “Ao longo de uma estrada”, publicado em “O Estado de S. Paulo”, em 18 de janeiro 1902, de um lado criticando o “traço bem pouco animador que caracteriza a distensão das nossas redes de estradas de ferro”, que “progridem arrebatadas por uma lavoura extensiva que se avantaja no interior à custa do esgotamento, da pobreza e da esterilização das terras que vai abandonando”, porquanto de outro lado, sustenta ele, as florestas estavam sendo consumidas nas caldeiras das marias-fumaças, a madeira como o combustível das locomotivas, e na produção dos dormentes que sustentavam os trilhos: retomava, com mais ênfase, o protesto debutante expresso naquele artigo no pequeno “O Democrata”, em 1884. Sob todos os aspectos e ângulos, o engenheiro social transforma-se e assume o engenheiro ecológico.

   Escritor avançado para o Brasil dos anos 1890-1900, fortalecido pelo espírito científico, enriquecido pela cultura sociológica, esmerado pela especialização geográfica e geológica, Euclides viu os sertões com um olhar mais amplo, abrangente e profundo que o de um geógrafo puro, mais do que de um simples geólogo, muito mais que de qualquer antropólogo. Desenha, disseca e interpreta — pioneiramente — o cenário dos sertões, descrevendo com rigoros a exatidão a formação, estrutura e nuances geológicas e climáticas da região — a “terra ignota” — na verdade, antes mesmo do contato in loco, durante Canudos: os dois artigos “A nossa Vendéia”, estampados em “O Estado de S. Paulo” a 14 de março e 17 de julho 1897, já abrigavam considerações, bem fundamentadas, de ordem geográfica, geológica e climática da região, bem como de aspectos étnicos do sertanejo. Os sertões forneceram o mote para artigos de cunho da ecopolítica e da etnopolítica como “As secas do Norte”, de novembro de 1900, e “Olhemos para os sertões”, de março de 1902, ambos publicados em “O Estado de S. Paulo”.

    A partir daí, compõe sua reflexão sobre a seca, a incapacidade geral do país em resolver o problema — evocando exemplos bem-sucedidos de soluções corretoras dos efeitos das secas adotada por povos (“a exploração científica da terra, coisa vulgaríssima hoje em todos os países, é uma preliminar obrigatória do nosso progresso”), desde os romanos, países como Inglaterra e Estados Unidos, “enfrentando e subjugando a natureza adversa, fazendo recuar o deserto, estabelecendo redes formidáveis de barragens, aproveitando as torrentes pluviais, abrindo canais, criando em suma um sistema fecundo de irrigação geral”; em diversos escritos propõe soluções técnicas, dessa ordem, para a questão no Brasil, afastando-se em parte do determinismo geográfico original de sua formação: se é capaz de criar desertos, o homem poderia também extingui-los — e a utilização política da seca que tem servido para “a retórica de congressos e conferências, para projetos mirabolantes, para justificar uma burocracia voraz, perfeitamente digna de salvar o Nordeste. O Brasil não resolve seu grande problema, que não é apenas administrativo porque é igualmente moral, social e político”.

Os sertões, para Euclides, “maravilhosamente exuberantes, barbaramente estéreis”, constituíam a síntese perfeita de uma conformação geográfico-geológico-climática inusitada, complexa, com a etnia — um dos elementos também capitais de seu trabalho intelectual. A natureza dos sertões, a vegetação da caatinga, a flora espinhenta e retorcida, se mesclam, se imiscuem, se fundem com a condição étnico-social dos sertanejos. “(...) Identificados à própria aspereza do solo em que nasceram, educados numa rude escola de dificuldades e perigos, esses nossos patrícios do sertão, de tipo etnologicamente indefinido ainda, refletem naturalmente toda a inconstância e toda a rudeza do meio em que se agitam.”, registra no artigo “A nossa Vendéia”, de 14 de março de 1897.

   Os atentados e abusos cometidos contra a terra, denunciava Euclides, se estendiam aos homens que a habitam — haja vista a proscrição do sertanejo, no “crime bárbaro cometido em Canudos contra um povo abandonado há três séculos”, e a situação do seringueiro amazônico “inteiramente desprotegido dobrando toda a cerviz à servidão completa”, infinitamente pobre e infinitamente triste, sem esperanças, transmitindo “o eco de um anátema vibrando há vinte séculos para a humanidade distante das cidades ricas” ou dos caucheiros “mergulhados silenciosamente na espessura, jungidos à mais completa escravidão”, apontando ali “a mais criminosa organização do trabalho”; ou ainda reportando ao garimpeiro no Distrito Diamantino do século XVIII, “espetáculo original da Fortuna domiciliada em pardieiros, simbiose da Escravidão com o Ouro” — a terra e o homem submetidos a absurdo descaso e desprezo como elementos subalternos, supérfluos, prescindíveis, como se fossem recursos abundantes e inesgotáveis.

   À “exploração científica da terra (...) preliminar obrigatória do nosso progresso”, Euclides preconizava acoplar uma ação técnica de engenharia — “A nossa engenharia não tem destino mais nobre e mais útil que esta conquista racional da nossa terra” — para o saneamento geológico de terras, extinção de desertos, reordenação de grandes áreas e conformações geográficas, prospecção e inventário de recursos e riquezas naturais. E mais: sustentava a urgência de implementação de um grande projeto de integração viária, substituindo as vias naturais, caminhos rústicos, picadas, estradas estéreis, e em decorrência de povoamento e ocupação, entre as regiões norte, sul e a Amazônia — sobre a qual lançou um olhar pioneiro e absolutamente atual, diga-se de passagem. Aliás, a Amazônia tornada rota e destino de fuga dos sertanejos assolados pela seca.

  Ninguém antes de Euclides dedicou-se com tanta ênfase, profundidade e esforço — inclusive vivenciando graves vicissitudes — e em especial pioneirismo, à Amazônia. Fruto de observação e vivência in loco, a produção intelectual amazônica de Euclides transcende o meio livresco e gera uma interpretação larga dos primordiais problemas da região: artigos e ensaios sobre a Amazônia estão inseridos nos livros “Contrastes e Con­frontos”, de 1907, e na primeira parte de “À Margem da História”, de 1909, além do prefácio de “Inferno Verde”, de Alberto Rangel, incluído nos conjuntos “Outros Contrastes e Confrontos”, e “Fronteira Sul do Amazonas” incluído no conjunto “À Margem da Geografia”.

   Foi o primeiro entre todos de um lado, a retratar e revelar, dramaticamente, aquele “paraíso perdido”, de outro despertar, em textos reivindicantes, vingadores, o conhecimento e a discussão dos gritantes problemas que afligiam (afligem) a região — segundo ele um outro Brasil, aliás, um novo Brasil no qual, contrariando a si mesmo no conceito original esboçado no estudo dos sertões, a presença do homem e sua relação com o meio era afirmada pela mestiçagem étnica, o mestiço amazônico não mais visto como desenhara o sertanejo nordestino, biologicamente incapaz, assim tido antes de Canudos, descrito no “Diário de Uma Expedição”, não aquele sertanejo depois apresentado e exposto em “Os Sertões”, um “homem grandioso, ser autêntico, rocha viva da nacionalidade”: o Euclides da Amazônia contraposto ao Euclides dos sertões. Suas conclusões de ordem sociológica e antropológica são consideradas revolucionárias para a época, e ex­tra­ordinariamenteabsolutamente atuais com relação à Amazônia — onde, a rigor, se deu outro processo revisionista de Euclides: assim como pós-Canudos, o pós-Amazônia provoca reformulação de alguns valores sociais, vis a vis com um alargamento de suas proposições de integração nacional e constituição de uma civilização brasileira. “Um paraíso perdido”, projeto do texto impossibilitado por sua morte, oferece a hipótese da ratifica­ção de conceitos anteriores e a retificação cabal de muitos novos conceitos.

    Na Amazônia euclidiana também a terra e o homem integrados numa equação de ordem sociológica e antropológica — uma convergência de decorrências e interações dentro dos estudos euclidianos — pela qual a ocupação e o povoamento se dariam preponderantemente pela chegada dos nordestinos expulsos pela seca. Da mesma forma sob o escopo de seu projeto de integração nacional, a Amazônia com a exuberância de seus espaços e riquezas naturais ainda inexploradas, seria o destino inevitável dos contingentes saídos de outras regiões por adversidades climáticas, geológicas, geográficas e especialmente sociais e econômicas, constituindo-se na “mais dilatada diretriz de expansão de nosso território”, para seus olhos embevecidos o “deslumbrante palco onde mais cedo ou mais tarde se há de concentrar a civilização do globo” — daí vindo a ser um dia objeto de cobiça estrangeira, vítima do expansionismo e ambições territoriais das potências mundiais (“a expansão imperialista das grandes potências é um fato de crescimento... e a conquista dos povos é uma simples variante da conquista de mercados”), o que exigia, sustentava Euclides, imediata e eficaz ação por parte das autoridades e do poder público para completa defesa e integração da Amazônia, inclusive tornando viável, mercê de obras técnicas, a navegação dos afluentes do rio Amazonas ligando-os ao Purus e o Madeira e a região de exploração da seringueira e do caucho.

   Em suma, atestado da atualidade de muitas de suas reflexões, prevendo o debate que iria surgir no mundo mais tarde, pleiteava uma civilização brasileira que confrontasse os interesses globais, pois temia que “a Amazônia, mais cedo ou mais tarde se destacará do Brasil, como se destaca um mundo de uma nebulosa”.

   Na Amazônia, por Euclides, a ecopolítica recebe novas lentes: o olhar euclidiano sobre a região e seu destino no Brasil e no mundo envereda e lança as primeiras luzes para a geopolítica, rigorosamente nos moldes, diga-se, dos mais atuais e importantes debates. 

Semana Euclidiana 2012

    Estão abertas as inscrições para a Maratona Euclidiana. O tema deste ano será: Imortalidade / 1912 - CEM ANOS DE EUCLIDIANISMO RIO-PARDENSE - 2012


     As inscrições poderão ser realizadas através do site da Casa Euclidiana de São José do Rio Pardo: www.casaeuclidiana.org.br
Atenção, as inscrições só vão até o dia 31 de julho!


         


Os maratonistas deverão se apresentar na Casa de Cultura Euclides da Cunha, em São José do Rio Pardo, no dia 08 de agosto de 2012, das 14h às 22h, para concluir a inscrição e seguir para o alojamento, que ainda terá o local divulgado. Aqueles que utilizarem o alojamento e refeitório deverão respeitar rigorosamente os horários:


Ciclo de Estudos: Horário: 8h às 12hLocal: UNIPRua Jorge Tibiriçá, n°451, Centro


Mesas Redondas:Horário: 14h30min.Local: Praça Barão do Rio Branco, s/n° (Mercado Municipal)


Palestras e demais eventos:verificar posteriormente a programação


A maratona, que será realizada no dia 15 (domingo, às 8 horas, terá questões objetivas e dissertativas formuladas pelos professores do ciclo de estudos, e será realizada na UNIP. Os temas abordados na prova estarão na página da Casa de Cultura Euclides da Cunha, onde os estudantes encontrarão subsídios para a Maratona Intelectual.


Os três maratonistas que melhor se classificarem receberão prêmios em dinheiro, que serão entregues no ano seguinte.


Para sanar dúvidas, entre em contato com os coordenadores e a direção da Casa de Cultura Euclides da Cunha, através do e-mail: casa.euclidiana@bol.com.br; ou do telefone: (19) 3681-6424.
Endereço: Rua Marechal Floriano, 105 - Centro
Cidade: São José do Rio Pardo - SP


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Matuto NegroHomem

        A Áttomos Cia. De dança, em comemoração aos seus 10 anos de atividade initerrupta, apresentará duas de suas mais bem sucedidas montagens de seu repertório. Poesia de um Corpo propõe um olhar sobre a vida, evidenciando as mudanças que fazem parte do cotidiano. A outra montagem, Matuto NegroHomem, é inspirada na obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, e tem como foco o cidadão nordestino, sua rotina e entendimento da realidade.

                             


           A Companhia apresentará Matuto NegroHomem nos dias 15, 16 e 17 de junho, às 20h, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, em Salvador.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Jovem cantagalense dedica versos à Amélia Tomás

Rabiscos dedicados a Amélia



Era ao mesmo tempo 
Libertadora e integralista
E suas palavras eram como navalhas
Que cortam pedaço a pedaço, indo de encontro ao coração 


E seus alunos possuíam uma raiva
Mas ao mesmo tempo uma atração enorme
Seus olhares eram como leis:
Nunca podiam ser violados


Quando de soslaio olhava as crianças
Elas abaixavam a cabeça 


Não sabendo se era em sinal de respeito ...
Ou então de medo


Defendia a nossa terra
Estudava Canudos como se estivesse na guerra
Sentia raiva, ódio, amor.
Era um turbilhão de emoções que nem ela sabia.


Era atraída pelos seus alunos
Os amava. Queria lhes ensinar o que melhor havia em si
Era instruída, estudiosa das terras dos cafezais
Seu nome se tornou histórico. 
Lembre-se: Amélia Thomaz.

      Quem diria que este fabuloso poema foi escrito por um garoto de apenas 17 anos? Pois bem, Matheus Lucas, do 3° ano do Ensino Médio, do Colégio Euclides da Cunha, se sentiu comovido com a história da ilustre professora, Amélia Tomás, após participar da Inauguração do Arquivo de Memória que leva o nome da cantagalense.

                        

      Segundo Matheus Lucas: "O Arquivo de Memória Amélia Tomás é muito importante para o município, uma vez que muitos jovens de Cantagalo não conhecem a história dos antepassados, como a de Amélia. Acham que a cidade é apagada culturalmente e não participava dos movimentos que ocorriam no Brasil. Para falar a verdade, eu mesmo achava que antigamente a cidade não tinha uma pessoa tão ilustre no cenário literário, além de Euclides da Cunha, e que, em relação à história, não tinha nenhum participante em movimentos, como este do qual Amélia participou, a AIB.”

     O estudante ainda nos conta uma interessante curiosidade: “Estive conversando por e-mail, esses dias, com Antônio Miranda – Membro da Academia de Letras do Distrito Federal, Professor e ex-coordenador do programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do Departamento de Ciência e Documentação da Universidade de Brasília - e ele me contava como conheceu Amélia Tomás, quando veio fazer uma viagem a Cantagalo a pedido do seu amigo Geraldo. Achei a história muito interessante! Imaginei a escritora como uma grande incentivadora dos jovens, pois, ao saber que o jovem Antônio, de apenas 15 anos, escrevia versos, lhe dedicou um livro de poesias chamado ‘Rosa de Jericó’.”

   Matheus, que almeja cursar a Faculdade de Direito, gosta de literatura nacional e, principalmente, livros sobre história, uma de suas paixões. Além disso, nos confessa que adora escrever. Desde poesia a contos, passando por pensamentos diversos e dissertações, o jovem cantagalense atrela sua vida às letras de forma formidável, tal como Euclides da Cunha. Esse ano, ele explica que se inteirou mais sobre o Movimento Euclidiano de Cantagalo, participando de palestras no Ponto de Cultura Os Serões de Seu Euclides e integrando um projeto de documentário ainda em construção, com os amigos Matheus Muniz e Igor Ferreira, sobre Euclides.

   O Projeto 100 Anos Sem Euclides parabeniza o jovem Matheus Lucas pela iniciativa criativa e faz votos de que seu documentário euclidiano futuramente seja lançado em um dos eventos promovidos pelo Projeto em Cantagalo.