terça-feira, 27 de outubro de 2009

GEAC visita Academia Brasileira de Letras


Os diretores do Grupo Euclidiano de Atividades Culturais de Cantagalo, no interior do estado do Rio de janeiro, Alex Vieitas, Fernanda Bruni e Marcos Longo, estiveram na cidade do Rio de Janeiro no dia 21 de outubro para uma visita a Academia Brasileira de Letras. De 27 de agosto a 5 de novembro, a Academia Brasileira de Letras abriga a exposição "Euclides, Um Brasileiro", em homenagem ao centenário de morte do autor de "Os Sertões". A mostra, que tem Alexei Bueno como curador, reúne documentos, fotos, vídeos e livros para descrever a história do jornalista e escritor cantagalense Euclides da Cunha. A exposição, abrigada no Centro Cultural da ABL, no 1º andar, está aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. A entrada é franca.

A Academia também está promovendo um Ciclo de Conferências sobre Euclides da Cunha, com a coordenação do Acadêmico Alberto Venâncio Filho.

Na oportunidade, os membros do GEAC, além de admirarem a exposição, conheceram os salões do prédio da Academia, com destaque para a Sala das Sessões, Sala do Chá, Sala dos Poetas e a Biblioteca da Academia, que possui mais de 25 mil volumes e muitas raridades - como a 1ª edição de "Os Sertões"; "Os Lusíadas", de Luis de Camões, datado de 1572, e pertences pessoais de Acadêmicos como Manuel Bandeira, Machado de Assis, Olavo Bilac e do próprio Euclides da Cunha.

O Presidente da Academia Brasileira de Letras, Dr. Cícero Sandroni, recebeu os diretores do GEAC em seu gabinete. Na ocasião, a Academia foi homenageada pelo GEAC com uma placa. O Dr. Cícero Sandroni foi conferencista no Seminário Internacional 100 anos sem Euclides, ocorrido no mês de setembro, em Cantagalo.

O GEAC tem um forte compromisso moral com o Euclidianismo cantagalense. Mesmo com quase nenhum recurso, o grupo procura disseminar a vida e a obra de Euclides da Cunha, além de divulgar a cidade de Cantagalo, terra natal de Euclides, por todos os lugares.

Fonte: assessoria de imprensa GEAC

Cem anos de Euclides da Cunha na PUC-Rio


O Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio organiza nos dias 28 e 29 de outubro um evento comemorativo dos cem anos de morte de Euclides da Cunha. Além do seminário sobre a vida e a obra do escritor, haverá uma exposição no Auditório Padre Anchieta, no campus Gávea da Universidade. A partir do dia 30, a exposição “Euclides da Cunha: Vida e Palavra” será transferida para o saguão da biblioteca central, no 3º andar da Ala Frings do Edifício da Amizade, onde permanecerá em cartaz até o dia 19 de novembro.
Euclides da Cunha é autor de um dos maiores clássicos da literatura brasileira, o livro Os Sertões. No seminário, além de duas mesas-redondas com especialistas na obra do autor, haverá um Cine-Fórum, com o filme Guerra de Canudos (1997), de Sergio Rezende, que participa de um debate logo após a exibição. No encerramento, dia 29, será lido por Érico Braga o conto Judas-Ahsverus.

Programação Seminário “Euclides da Cunha: Cem Anos”:

28 de outubro, no Auditório Padre Anchieta

9h30min – Abertura com os professores Julio Diniz, diretor do Departamento de Letras da PUC-Rio, e Eliana Yunes, coordenadora da Cátedra UNESCO de Leitura.

10h – Mesa-Redonda "A Canudos de Euclides da Cunha: um tratado sobre milenarismo?", com a professora Maria Clara Bingemer, Decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio, a pesquisadora Maria Luiza Barreto-Delleur e Tarcísio Padilha, da Academia Brasileira de Letras. A mediação será feita pelo escritor Alexei Bueno, também da Academia Brasileira de Letras.

14h30m – Cine-Fórum: Guerra de Canudos (1997). Participam do debate o diretor do filme, Sergio Rezende, Ricardo Oiticica, da Cátedra UNESCO de Leitura da PUC-Rio, e a coordenadora da Cátedra, professora Eliana Yunes.

29 de outubro, no Auditório Padre Anchieta

10h – Abertura “Biografia de Euclides da Cunha”, com Ricardo Oiticica.

10h30min – Mesa-Redonda “Olhares sobre Euclides”, com a participação do escritor e pesquisador Mauro Rosso, do antropólogo e professor Roberto DaMatta, do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, do professor Gilberto Mendonça Telles, do Departamento de Letras da PUC-Rio, e Maria Alice Baroni, Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio.

12h – Encerramento – Leitura do conto Judas-Ahsverus, de Euclides da Cunha, por Érico Braga, poeta, escritor e pesquisador da Cátedra UNESCO de Leitura.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social PUC-Rio

Palestra na Casa da Cultura de Nova Friburgo


Em evento na Casa da Cultura (antigo fórum da Praça Getúlio Vargas), em Nova Friburgo, no interior do estado do Rio de Janeiro, a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do projeto interinstitucional 100 anos sem Euclides da Cunha, Anabelle Loivos, apresentou a palestra "100 Anos Sem Euclides? Entre Memória e Esquecimento". Na ocasião, ela falou sobre a importância do estímulo à leitura dos clássicos entre crianças e jovens, enfocando a figura de Euclides da Cunha - que teve parte de sua história e de sua família ligadas à cidade serrana. A atividade integrou a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, que contou com diversas ações em Nova Friburgo, promovidas pela Secretaria Municipal de Cultura e pelo Programa Pró-Leitura.

Aleilton Fonseca em entrevista na TV senado

O escritor baiano Aleilton Fonseca esteve, na última semana de outubro, no programa "Leituras", da TV Senado, comandado pelo também escritor e jornalista Maurício Melo Júnior. Na ocasião, ambos discutiram sobre o lançamento de "O Pêndulo de Euclides", nova obra de Aleilton.

As entrevista, postada no blog Coisas do Junco, em três partes
, pode ser acessada pelos seguintes links:

Parte 01 / Parte 02 / Parte Final

Segundo o crítico Wisher Fraga,
no site Jornal de Poesia, "Aleilton é um autor de frases límpidas, poéticas, despojadas, livres das adjetivações gratuitas (...). o que dá a sua obra um ar de sobriedade e, ao mesmo tempo, de profunda solidariedade com o homem." O baiano Aleilton também escreveu o livro "Nhô Guimarães"

"O Pêndulo de Euclides"é uma boa oportunidade de se mergulhar nas águas do Açude de Cocorobó, sob as quais está situada a ruína do arraial de Canudos, e de se pescar às margens do rio Vaza-Barris, além de ser boa opção de presente de fim de ano.


Fonte: blog Coisas do Junco

sábado, 24 de outubro de 2009

São Paulo revisita um pedaço do sertão da Bahia


Em novembro, São Paulo terá um pedaço do sertão da Bahia. A UPIC (União Pelos Ideais de Canudos) realizará, em Interlagos, o 9º Encontro dos Canudenses e Amigos. O evento será dedicado à memória de Euclides da Cunha, escritor que se consagrou com o livro "Os Sertões" ao relatar a guerra de canudos e a situação social do sertanejo no início do século XX. Haverá diversas atrações musicais e comidas típicas.

A UPIC foi fundada em 1994 por Migrantes Canudenses e simpatizantes da História de Canudos residentes na cidade de São Paulo. Desde sua fundação, por José Aloncio Santos, que nasceu em Canudos, a congregação busca reavivar as história da guerra às margens do rio vaza-barris, por intermédio de depoimentos de descendentes daqueles que viveram nas imediações do conflito. Além disso, a intenção é divulgar a memória do fato histórico e de sua figura mais importante, Antônio Conselheiro.

A organização tem promovido eventos culturais, palestras e encontros difundindo o episódio e as tradições nordestinas. São realizadas, com este objetivo, parcerias com entidades Sociais e Culturais que também têm interesse em promover principalmente a rica cultura popular do povo baiano: costumes, culinária, musica, dança, folclore, lendas etc.

O 9º Encontro dos Canudenses e Amigos vai acontecer no domingo, dia 08 de novembro de 2009, das 10h às 21h, na Rua Valentim Ramos Delano, 52, Interlagos - São Paulo. Mais informações pelos telefones (11)5845-0925 ou (11) 8656-5532 e pelos e-mails joaoregis@bol.com.br ou upic.canudos@gmail.com.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

São José brilha em memória de Euclides da Cunha

Cícero Sandroni (presidente da ABL) e esposa (centro e esq.) e membros do GEAC (dir.)

A 97ª Semana Euclidiana, evento anual da cidade de São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, em homenagem ao escritor Euclides da Cunha, foi encerrada com um tradicional desfile de entidades e escolas pelas ruas centrais da cidade. Neste ano, a Semana teve um motivo a mais para tornar-se histórica: em 2009 completou-se um século desde a morte de Euclides da Cunha, assassinado em agosto de 1909.

Pelo Brasil inteiro foram organizados incontáveis eventos culturais para marcar a data. Mas todo o meio euclidiano estava mesmo à espera da quase centenária Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo, seguramente o mais importante evento do Euclidianismo, o movimento intelectual dedicado ao estudo da vida e da obra do célebre autor de “Os Sertões”, o livro escrito às margens do rio Pardo.

Poucos personagens na história mundial deixaram o legado de um movimento assim significativo, capaz de mobilizar tantas pessoas por tão longo espaço de tempo, diga-se mais, à revelia de sua própria vontade.

Durante a semana, realizada entre 03 e 11 de outubro, diversos nomes estiveram presentes: desde o delegado da polícia federal, Protógenes Queiroz, protagonista da Operação Satiagraha, até o jornalista Daniel Piza, roteirista do documentário “Um Paraíso Perdido - Amazônia de Euclides”. Passando pelo secretário nacional dos Direitos Humanos, que tem status de ministro, Paulo Sérgio Vanucchi (filho do homenageado Ivo Vanucchi) e pelo presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, que protagonizou a conferência oficial da Semana do Centenário.

Lucia Helena Vitto (centro à dir.) recebe placa dos membros do GEAC

Para marcar a histórica Semana Euclidiana, a Casa de Cultura Euclides da Cunha, entidade responsável pelo evento em São José do Rio Pardo, lançou uma revista comemorativa, em edição de luxo. Com uma tiragem de dois mil exemplares, a revista “Cultura Euclidiana - Ano do Centenário” terá como tema o centenário da morte de Euclides da Cunha. Além disso, a diretora de cultura da casa, Lucia Helena Vitto, foi homenageada com uma placa pelo GEAC (Grupo Euclidiano de Atividades Culturais) de Cantagalo (foto acima), no Rio de Janeiro, cidade natal de Euclides que também cultua a sua memória.

Fontes: Casa de Cultura Euclides da Cunha e GEAC

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Emoção, coerência e seriedade, marcas do seminário

Em Cantagalo, 'Seminário Internacional 100 anos sem Euclides' reafirma o sentimento de patriotismo pela união de interesses em torno da obra euclidiana

por Álvaro Ribeiro Neto*

Durante três dias, a partir de 25 de setembro, a cidade de Cantagalo comemorou o centenário da morte de Euclides da Cunha. O projeto tem o sugestivo nome de “100 anos sem Euclides” e foi organizado pelos professores Anabelle Loivos Considera Conde Sangenis e Luiz Fernando Conde Sangenis. Participaram professores e estudantes de vários estados brasileiros e Leopoldo Bernucci, brasileiro radicado na Califórnia, USA e Berthold Zilly, da Universidade de Berlim, Alemanha, deram o toque internacional ao evento. O caráter nacional ficou por conta de participantes dos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Acre, Paraíba, Bahia, Pará, Ceará, Maranhão.


Criteriosamente organizado, o Seminário dividiu suas atividades em Programações Acadêmicas e Culturais apresentadas, respectivamente, no Hotel Fazenda Pesqueiro da Aldeia onde estudantes e parte dos professores ficaram hospedados e no centro da cidade de Cantagalo com apresentações de filmes relacionados ao tema, de orquestra sinfônica e outros grupos. A abertura coube ao professor Leopoldo Bernucci e o encerramento ao tradutor de Os Sertões, o alemão Berthold Zilly. Além de assuntos relacionados especificamente aos estudos do pensamento euclidiano, outros temas, como a literatura de cordel, tiveram seus representantes. Intelectuais ilustres como o presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, e o escritor e poeta Ariano Suassuna, por exemplo, prestigiaram o congresso. Ariano Suassuna, responsável pela conferência oficial, magnetizou a plateia com sua legitimidade, sua erudição, sua simplicidade, seu carisma, seu ideal de construir através de suas ações como escritor ou Secretário da Cultura de Pernambuco, um Brasil melhor para os brasileiros.

Os nomes de Oswaldo Galotti e de São José do Rio Pardo como precursores do movimento euclidiano, vez por outra foram lembrados durante as comunicações de professores veteranos ou jovens. O Instituto Cultural Oswaldo Galotti, gentilmente convidado pelos organizadores, foi um dos proponentes do Seminário. Um fato interessante: Cícero Sandroni disse que já esteve em São José do Rio Pardo para participar de Semanas Euclidianas. Diante disso procurei-o e ele me falou que conhecia Oswaldo Galotti e ficava hospedado na casa de seu tio Luiz Romano nos anos de 1952/53. Bons tempos esses, da Semana Euclidiana em São José do Rio Pardo...

Fizeram parte das atividades acadêmicas, as Sessões de Comunicações Coordenadas em que um(a) mediador(a) coordenava debates de temas relacionados ao pensamento euclidiano nos seus múltiplos aspectos. A maioria dos pronunciamentos se ocupou com “Os Sertões” e a viagem de Euclides da Cunha ao Amazonas. Estudos atualizados e profundos sobre essas questões foram expostos e debatidos. Em quiosques do magnífico Hotel Fazenda, exposições sobre personalidades da Cantagalo, sobre a atuação de professores locais no ensino do euclidianismo a estudantes do ensino fundamental e médio das escolas públicas. A participação de uma adolescente antes da conferência oficial de Ariano Suassuna contando a biografia de Euclides da Cunha emocionou quem estava participando do evento. Aquela exposição, deixou clara a seriedade da proposta que prepara a juventude cantagalense para entender a vida e obra do escritor conterrâneo.

Outro ponto que considerei importante para a retidão que cercou o Seminário Internacional sobre os 100 anos sem Euclides da Cunha foi a emoção incontida de dois palestrantes ilustres quando se aproximaram mais do autor de Os Sertões em suas falas: Cícero Sandroni ao ler para atentos participantes o texto “A última visita” em que Euclides fala sobre a presença de um adolescente ao leito de morte de Machado de Assis, não conseguiu segurar as lágrimas e quase não acabou o discurso. Em outro momento, Ariano Suassuna, ao responder a um de seus interlocutores sobre o ponto que mais o impressionou na leitura de Os Sertões, também não conseguiu esconder sua emoção ao falar sobre a queda da igreja em Canudos. Gente séria participando de evento sério... Tudo isso para mim significou que quem estava lá, estava envolvido pelo sentimento patriótico que se entrelaça, constantemente, com as ações de Euclides da Cunha quer em suas obras, quer em suas atitudes, durante toda sua biografia. É claro que houve exceções em Cantagalo, mas não fizeram diferença; foram rigorosamente a minoria e não atingiram a extraordinária organização que realizou o projeto.

O “Seminário Internacional 100 anos sem Euclides” foi apaixonadamente organizado pela Anabelle e seu marido Luiz Fernando que correram durante os três dias para dar conta do recado e suavizar pequenos problemas que sempre ocorrem à última hora. Foram auxiliados pelo pessoal do GEAC – Grupo Euclidiano de Atividades Culturais para o suporte logístico que cooperou para a excelência do projeto.

Como em todo lugar, a dificuldade é conseguir verbas. Nem sempre a atividade cultural é levada a sério pelas autoridades políticas de qualquer ponto do país. Como compensação a esses tropeços, sobraram o dinamismo, a serenidade, a disposição, o idealismo tanto de Anabelle como de Luiz Fernando para fazer frente a todos os problemas que precederam o início do Projeto. Notei em tudo uma disposição férrea de divulgar o que o Brasil tem de melhor: o pensamento euclidiano. Saí de lá cobrando dos dois professores a organização do próximo Seminário. Cantagalo assume liderança no movimento euclidiano que deve ser mantida.

O que tem me chamado a atenção é a quantidade de movimentos nacionais que se preocupam com a divulgação do pensamento euclidiano. O centenário de sua morte é o pretexto para que intelectuais se manifestem. Essa confirmação deixou-me curiosamente satisfeito e tranqüilo. Acho que independente de tudo, o euclidianismo vai crescer, se firmar em pontos diferentes do Brasil, ter o mesmo caráter nacional de “Os Sertões”. Vários professores ilustres que estiveram em Cantagalo vinham de um Ciclo de Cinema realizado em Salvador, na Bahia, em homenagem aos cem anos da morte de Euclides da Cunha e no dia seguinte, ao término do Seminário em Cantagalo, participariam de outra comemoração do centenário da morte do autor de “Os Sertões” na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Alguns desses intelectuais, convidados à última hora, estavam em São José do Rio Pardo, completando a programação iniciada pela Marly Tercioty, e, possivelmente completada depois de sua saída. Pensei que a programação da segunda versão da Semana Euclidiana já estivesse fechada há mais tempo.

*do Instituto Oswaldo Galotti

domingo, 18 de outubro de 2009

REVELAÇÕES

Outras duas surpresas do Seminário
A tarde de domingo contou ainda com duas grandes revelações do euclidianismo: o mestrando Prof. Robson Caetano dos Santos, que divulgou em breve comunicação um importante estudo sobre as fontes orais de Os Sertões, e o incansável euclidianista Felipe Pereira Rissato que, além de contribuir para a preparação de textos da Obra completa (edição a ser publicada) ao corrigir e descobrir textos inéditos, ajudou a reunir registros para o banco de dissertações e teses sobre Euclides da Cunha e retratos artísticos de Euclides, disponíveis em site sobre Euclides. Durante o Seminário, o pesquisador Felipe Rissato apresentou pesquisa iconográfica inédita de fotografias de Euclides, amigos e familiares.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

RESUMO DO SEMINÁRIO

Um evento para ficar na memória

Seminário internacional 100 anos sem Euclides acorre em Cantagalo, no Rio de Janeiro, e traz consigo gratas surpresas.

Ousadia e coragem, dois substantivos que servem como uma luva para se tornar adjetivos do Seminário Internacional 100 anos sem Euclides. Ocorrido entre os dias 25 e 27 de setembro de 2009, na pequena cidade de Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro, o evento cultural realizou um grande feito num país onde não se tem muito apreço pela cultura literária: reavivou a memória de um dos maiores escritores que o Brasil já teve em meio à população de uma cidade pequena e esquecida pelo poder público.

Imaginem os mais céticos críticos da realidade brasileira o que é ter a idéia de levar o nome de um autor clássico da literatura desse país, tido por muitos como dono de uma linguagem inacessível, para o público geral. Agora, juntem a essa imagem levar esse mesmo autor para a população de uma cidade pequena do norte fluminense, a 180 quilômetros do Rio de Janeiro, serra acima, e trazendo consigo alguns dos maiores entusiastas e especialistas sobre a obra desse autor, pessoas que vieram inclusive de fora do Brasil, para um evento cultural literário num país onde ninguém lê. Fracasso? Muito pelo contrário, um evento memorável e surpreendente, com a participação ativa de especialistas, estudantes e populares. Se você consegue imaginar, pode ter uma idéia do que foi o Seminário Internacional 100 anos sem Euclides.

O evento foi aberto pelo professor Leopoldo Bernucci (da Universidade da Califórnia, em Davis), e depois de diversos eventos com a presença de ilustres nomes do euclidianismo e de ações culturais, foi encerrado por uma aula-show do escritor paraibano Ariano Suassuna e pela palestra do professor da Universidade de Berlim e tradutor de Os Sertões para o alemão, Berthold Zilly.

Anabelle Loivos e Anélia Montechiari, mulheres cantagalenses

Os professores Anabelle Loivos Considera Sangenis (professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Departamento de Didática da Faculdade de Educação), Anélia Montechiari Pietrani (Professora de Literatura Brasileira da UFRJ) (ambas na foto acima) e Luiz Fernando Conde Sangenis (professor adjunto da Faculdade de Formação de Professores da UERJ e professor auxiliar da Universidade Estácio de Sá, onde também é Coordenador Geral do curso de Pedagogia), foram os grandes arquitetos do Seminário Internacional 100 anos sem Euclides. Com sua coragem e disposição, ambos arregimentaram várias instituições que ajudaram a tornar possível a realização do evento. Entre as principais parcerias estavam as faculdades de Letras e Educação das universidades Estadual e Federal do Rio de Janeiro; o decisivo apoio administrativo e tecnológico do Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência (ILTC); a UNESCO; a FUNARJ; o SESC-RJ e o Grupo Euclidiano de Atividades Culturais de Cantagalo (GEAC), além de diversos outros apoiadores.

OS EVENTOS

Os organizadores encontraram uma fórmula inteligente para realizar paralelamente os eventos acadêmicos e os eventos culturais populares. As palestras, conferências e comunicações, ou seja, o que era voltado especificamente aos professores e pesquisadores, foram realizadas no hotel-fazenda Pesqueiro da Aldeia, a alguns minutos do centro de Cantagalo, enquanto que as outras programações aconteciam na praça central da cidade, com as realizadas pelo SESC-RJ (foto abaixo), com atendimento ao público, recreação infantil e um caminhão-cinema. Uma experiência bem diferente e enriquecedora para todos os que tiveram a oportunidade de participar.

SESC-RJ em ação na praça

Participantes vieram de todas as partes do Brasil

O seminário teve início na sexta-feira, dia 25 de setembro, com uma apresentação musical primorosa do Coral Cantomusarte, de Nova Friburgo-RJ, e com a conferência de abertura do professor Leopoldo Bernucci, da Universidade da Califórnia, esbanjando seu conhecimento profundo acerca da obra e da vida de Euclides da Cunha.

Cícero Sandroni em Cantagalo

No sábado, 26 de setembro, segundo dia do seminário, o presidente da Academia brasileira de Letras, Cícero Sandroni (foto), abrilhantou o evento com uma palestra de incalculável: "100 Anos Sem Euclides". Durante seu discurso, Sandroni misturou um profundo conhecimento sobre aspectos biográficos de Euclides da Cunha com a emoção vertida em lágrimas quando mencionou a participação do homenageado na caminhada pela construção do sentimento nacionalidade, tão fragmentário em nossos tempos, mas erguido pela consciência honrosa de grandes homens como Euclides. Autores que a Academia Brasileira de Letras ajuda a manter incólumes ao ataque do esquecimento, causado também, paradoxalmente, pelo excesso de informação dos dias atuais.

O professor Márcio José Lauria participou da primeira mesa-redonda, cujo tema era: “Euclides e outro sertões: interlocuções na Literatura Brasileira”, ao lado de Leopoldo Bernucci, Edmo Rodrigues Lutterbach, presidente da Academia Fluminense de Letras, e Ronaldes de Melo e Souza, professor da UFRJ, este último com uma clareza analítica capaz de focalizar sem rodeios alguns aspectos centrais das obras literárias que quase sempre são negligenciados pela crítica em geral.

Antônio Olavo

O documentarista e procurador de justiça do estado do Acre, Rodrigo Neves, interagiu com o seminário em suas duas áreas de atuação: tanto em debates na praça central de Cantagalo como em palestras no Hotel Fazenda Pesqueiro da Aldeia, após a apresentação de seu documentário Epopéia Euclydeacreana. Outro que teve o mesmo expediente foi o cineasta Antônio Olavo (foto acima), após a apresentação de seu filme Paixão e Guerra no Sertão de Canudos. Este último veio da Bahia até Cantagalo, chegando a dirigir mais de 14 horas na véspera de sua chegada, apenas por fazer questão de estar presente naquele evento que considerou, como todos, de grande importância ao euclidianismo.

Leopoldo Bernucci, Regina Abreu e Noilton Nunes

O seminário contou ainda com a presença da professora Regina Abreu, da UNIRIO, que em sua palestra abordou os conceitos de memória e empoderamento social, tentanto compreender a quase imediata aceitação da obra "Os sertões" nos setores ilustrados da população carioca, à época de seu lançamento. Durante uma impecável exposição oral, Regina ressaltou ainda o papel da crítica literária, que alçou Euclides e seu livro ao status de clássico nacional.

Gonçalo Ferreira da Silva (foto abaixo), cordelista e presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, também esteve tanto no Hotel Fazenda como com o público da praça central de Cantagalo. Nas duas ocasiões expôs sua arte e realizou apresentações primorosas das técnicas de produção da literatura de cordel, recheadas de poesia e comicidade, o que fez com que as platéias assistissem atentas aos repentes do poeta.

Gonçalo Ferreira da Silva

O seminário teve ainda o prazer em receber o Dr. Manuel Clístenes de Façanha e Gonçalves, autor de uma biografia de Euclides; as professoras Anélia Pietrani e Magali Alonso; e o cineasta autor do filme A Paz é Dourada, Noilton Nunes; além do doutorando João Batista Pereira, com sua originalíssima tese sobre o trágico em Euclides da Cunha, entre tantos outros nomes.

No sábado, a apresentação de trabalhos de Iniciação Científica de graduandos e projetos desenvolvidos em mestrados e doutorados, durante as sessões de comunicações no hotel-fazenda, mostrou o fervor da memória de Euclides em algumas universidades. Destaque para diversos trabalhos especialmente originais e interessantes. Na noite deste dia, a Fazenda centenária Mont Vernon, nas cercanias do lugar onde Euclides da Cunha nasceu, recebeu o Grupo de Teatro Amador do Colégio Anchieta, o TACA, para uma emocionante apresentação da peça Eternamente Euclides nas luzes bruxuleantes da bucólica localidade.

Anabelle Loivos e Luiz Fernando Sangenis como o grupo TACA

Os dois dias de seminário contaram ainda com a presença de dois ilustres representantes de São José do Rio Pardo, cidade que realiza o maior culto no país a Euclides da Cunha e que já dura noventa e cinco anos: João Luiz Cunha, prefeito de São José, e Lúcia Vitto (foto abaixo), diretora da Cultura e da Casa de Cultura Euclides da Cunha, participando de debates.

Lucia Helena Vito (acima), de São José do Rio Pardo

Rodrigo Neves, Maria Olívia, José Carlos Barreto e Fadel David A. Filho

Pôsteres em exposição durante o Seminário

A bela manhã de domingo no verdejante hotel-fazenda Pesqueiro da Aldeia serviu de palco para a segunda mesa-redonda (segunda foto acima) , com o tema “A presença de Euclides da Cunha na Amazônia”. Estavam na ocasião os professores José Carlos Barreto de Santana (UEFS-BA) e Fadel David Antônio Filho (UNESP-RIO CLARO), que também participam da Semana Euclidiana riopardense, e o já mencionado cineasta Rodrigo Neves (Procurador do Estado do Acre). Em paralelo, o público pôde prestigiar a exposição de diversos pôsteres (foto acima) no espaço central do hotel. Em seguida à mesa redonda houve o lançamento de livros que exploram temáticas relacionadas à obra de Euclides da Cunha, com autores como Edmo Lutterbach e Aleílton Fonseca, com destaque para o livro O Pêndulo de Euclides (foto abaixo), deste último, uma ficção que encontra palco no Arraial de Canudos.

Aleilton Fonseca (acima) e seu livro 'O Pêndulo de Euclides'


O Dr. Edmo Rodrigues Lutterbach lança livro durante o Seminário


João Luiz Duboc Pinaud lê Euclides da Cunha

Na tarde de domingo, após o almoço, esteve no hotel-fazenda o humanista João Luiz Duboc Pinaud (foto acima). Com a serenidade e a simpatia de costume, que encanta pessoas de todas as idades, Pinaud falou sobre a experiência de ler Euclides quando jovem e sobre a construção de seu senso crítico com base nas obras do escritor, em um diálogo quase informal com o público.

Em outro espaço de diálogo com os participantes do seminário, também no domingo, o cineasta Antônio Olavo apresentou uma palestra repleta de franqueza, tal qual seu documentário Paixão e guerra no sertão de Canudos. Sua perspectiva diferenciada sobre a produção cinematográfica popular em contraponto ao cinema comercial no Brasil serviu para a afirmação do valor da sétima arte como um instrumento de acesso ao conhecimento de mundo por parte do público, e não apenas como mera diversão consumista.

Bertold Zilly

Já na noite de domingo, após a aula-show de Ariano Suassuna, relatada ao final desse texto, a última e não menos importante palestra foi concedida por Bertold Zilly (foto acima), professor da Universidade de Berlin e tradutor de Os Sertões para o Alemão. Dono de inteligência e sensibilidade estética únicas, Zilly destacou as qualidades polifônicas do texto de Euclides, que tem a capacidade de falar do Brasil e chamar a atenção de leitores do mundo todo. O professor fez menção ao papel intelectual de Euclides no escopo do início do século XX, ao valor de sua intermediação nos conflitos da Amazônia brasileiro-peruana e, por fim, ressaltou ainda a genialidade e a perenidade de sua obra, que mais de um século depois de sua morte pode ser ricamente explorada por tanta gente especial interessada nela. Um desfecho de fazer os presentes no auditório suspirarem a importância de Euclides da Cunha para o Brasil e para o mundo.

AS GRANDES SURPRESAS

Alunos do Colégio Euclides da Cunha prestam homenagem ao autor

Entre tanta coisa interessante, duas foram enormes surpresas: a primeira, o resultado do projeto pedagógico desenvolvido pela coordenadora do Projeto 100 anos sem Euclides, Anabelle Loivos e sua equipe junto às escolas da rede pública. Os alunos da Escola Euclides da Cunha de Cantagalo desenvolveram jograis, letras de samba e outras atividades, e um grupo do 9.° ano se apresentou, finalizando com uma contadora de histórias, que roubou a cena e teve seu dia de estrela (foto acima), pois reprisou a performance antes da palestra do autor paraíbano Ariano Suassuna e ganhou até um beijo do emocionado escritor. A apresentação fez parte do projeto que culminou na edição de um livro contando a biografia do escritor, dirigido ao público infantil, projeto encabeçado pela professora Fabiana Figueira Corrêa. Grande e belíssimo trabalho, parabéns a todos os seus integrantes!

Ariano Suassuna

A outra grande surpresa foi mesmo a presença de Ariano Suassuna (foto). Encantador e jovial, mesmo nos seus mais de oitenta anos de existência, esbanjou sua elegância: de terno escuro, camisa e meias vermelhas. O escritor divertiu a plateia o tempo todo, falando jocosamente de coisas sérias e destacando, nas entrelinhas de seu discurso, o valor do culto à literatura de qualidade e ao posicionamento ideológico claro, como o de Euclides da Cunha, em um tempo de tanta relativização. Um verdadeiro show, tal qual o epíteto na programação do seminário prometia. Ouvir a sabedoria de Ariano, em suas palavras irônicas e contundentes, fez com que o público presente se elevasse e pudesse dali partir com a lembrança desse que foi um final de semana inesquecivelmente enriquecedor.

domingo, 11 de outubro de 2009

FGV e Euclides da Cunha


O Programa de Estudos da Administração Brasileira – ABRAS da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas – EBAPE/FGV convida para a 2ª Sessão da Mesa “Euclydes da cunha: Um Estilista Intérprete do Brasil” com a apresentação do filme “A Paz é Durada” de Noilton Nunes sobre Euclydes da Cunha, seguida de debate com o cineasta.

O evento será realizado no dia 27 de outubro de 2009, a partir das 18:30h, na FGV. O endereço é Praia de Botafogo, 190, sala 305, Rio de Janeiro, RJ.

A mesa é uma atividade de extensão universitária gratuita do projeto "A Invenção do Brasil" do ABRAS e homenageia e rememora o imortal autor de Os Sertões na passagem do centenário de sua morte.

Cátedra da UFRJ promove Congresso


A Cátedra Jorge de Sena, da UFRJ, uma das promotoras do seminário 100 anos sem Euclides, tem o prazer de convidar a todos para o seu I Congresso Internacional a realizar-se de 20 a 22 de outubro na Faculdade de Letras da UFRJ.

O evento - Andanças Prodigiosas da Literatura - comemora os 10
anos da Cátedra, os 50 anos da chegada de Jorge de Sena ao Brasil, acontecendo ainda no ano em que o poeta completaria 90 anos.

As inscrições para participação como ouvinte estão abertas na CJS da Faculdade de Letras da UFRJ ou pelo
e-mail: catedrajorgedesena@gmail.com

Jorge de Sena foi possivelmente um dos maiores intelectuais portugueses do século XX. Tem uma vasta obra de ficção, drama, ensaio e poesia, além de vasta epistolografia com figuras tutelares da história e da literatura portuguesas.

Visite o site da Cátedra: http://catedrajorgedesena.letras.ufrj.br