terça-feira, 1 de dezembro de 2009

107 anos de publicação


EVENTO COMEMORATIVO 107 ANOS DE LANÇAMENTO "OS SERTÕES" (1902-2009) 02 DE DEZEMBRO DE 2009 ÀS 9h30 NO RECANTO EUCLIDIANO Casa de Cultura Euclides da Cunha Rua Marechal Floriano, 105 - Centro São José do Rio Pardo - SP CEP: 13.720-000 Tel: (19) 3681 6424 Site: www.casaeuclidiana.org.br E-mail: casa.euclidiana@bol.com.br

Noite da Gratidão na Casa de Euclydes

O Governo do Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Cultura, a Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro,a Prefeitura Municipal de Cantagalo, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Cantagalo e a Casa de Euclydes da Cunha convidam para as comemorações da Noite da Gratidão, a ser realizada na Casa de Euclydes da Cunha, no município de Cantagalo-RJ, no dia 05 de dezembro de 2009. O telefone para contato é (24) 22999825.


Noite da Gratidão

Dia 5 de dezembro de 2009, sábado

18h

Reabertura da Casa de Euclydes da Cunha

Bênção do padre Marcelo Campos

18h30

Premiação do concurso de redação “Conhecendo Euclydes”, realizado entre alunos das escolas do município, Coordenação: Patrícia Zanini, presidente da ONG-Cantagalo LG.

19h

Abertura das solenidades:

Hino Nacional, com a participação especial da Prof. Maria Dea Gerck Vianna Gomes.

Presenças ilustres:

Adriana Scorzelli Rattes, Secretária Estadual de Cultura.

Joaquim Augusto de Paula, Prefeito de Cantagalo.

Maria Lúcia Farah Noronha, Secretária Municipal de Educação e Cultura.

Márcia Bibiani Superintendente de Museus da Secretaria de Estado de Cultura.

Fany Pinheiro Teixeira Abrahim, Diretora da Casa de Euclydes da Cunha


19h30

Conferência de abertura

"Euclydes da Cunha: Um Olhar de Leitor"

Major Ibis Silva Pereira,Tenente-Coronel da Escola Superior da Polícia Militar.

20h

Cerimônia de entrega dos certificados “Mérito Euclidiano” aos homenageados.

20h30

Conferência

"Euclydes ainda entre nós"

Dr. Edmo Rodrigues Lutterbach, Presidente da Academia Fluminense de Letras.

21h

Sarau Poético

Coordenação: Prof. Jane Ayrão, Drª. em Educação Artística e Assessora do Colégio Anchieta de Nova Friburgo/RJ.

Encerramento com Coquetel.

A Casa de Cultura Euclides da Cunha fica situada no espaço urbano da cidade de Cantagalo/RJ. O endereço é: Rua Maria Zulmira Torres, s/nº. A Casa de Cultura fica ao lado do Colégio Estadual Maria Zulmira Torres, uma das instituições de ensino mais conceituadas da cidade do Centro-Norte fluminense.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Prodígio Euclidiano


Estudante da rede estadual de Cantagalo-RJ ganha destaque por realizar belo trabalho de difusão da memória do escritor e acadêmico Euclides da Cunha

O jovem prodígio Matheus Muniz Guzzo, de 15 anos, aluno do Colégio Estadual Lameira de Andrade, de Cantagalo-RJ, desponta como uma liderança cultural na escola e na cidade. Isso porque ele tem realizado dois belos trabalhos em torno do nome do escritor Euclides da Cunha, nascido também na cidade do Centro-Norte fluminense: a proposta de um curso de extensão para os alunos do 5.o ano do colégio Estadual e o projeto de um livro sobre suas experiências euclidianas.

Na escola de Matheus é desenvolvido o projeto “Euclides da Cunha: base para a educação social”. Coordenado por duas professoras, desde outubro Matheus dedica uma hora da semana a ensinar o euclidianismo aos alunos do quinto ano do Ensino Fundamental. A iniciativa nasceu do sucesso de sua participação no Seminário Internacional - 100 anos sem Euclides, realizado em parceria com a Academia Brasileira de Letras (ABL), ao qual compareceram ilustres figuras da literatura nacional e internacional, como Ariano Suassuna, Leopoldo Bernucci (Universidade da Califórnia) e Berthold Zilly (Universidade de Berlim).

Por conta da repercussão de seu trabalho, o projeto 100 anos sem Euclides apresenta aqui uma breve entrevista para melhor apresentar a jovem surpresa do Seminário Internacional realizado em setembro:

1- Sua posição como promotor da educação através da memória de Euclides da Cunha entre outros jovens como você é admirável. Quais influências você considera importantes para esta sua tomada de postura?

R.: Com absoluta certeza, a maior influência na minha vida, em relação à Euclides da Cunha, foi o Projeto 100 Anos Sem Euclides. Através dele, fui posto a ver, verdadeiramente, a tamanha importância que Euclides tem para o Brasil, pois, foi com as ações do Projeto que eu iniciei a caminhada, sempre em busca de maior conhecimento em relação ao meu conterrâneo Euclides da Cunha.

2- Quando você tomou conhecimento da obra de Euclides da Cunha? Com que idade? R.: Tomei conhecimento da obra de Euclides da Cunha na minha infância, quando o Colégio em que eu estudava me levou para a acolhedora Casa de Euclides da Cunha, aqui em Cantagalo. E, foi a partir daquele momento, que eu conheci o “famoso escritor de Cantagalo: Euclides da Cunha”.


3- A juventude está acostumada a leituras, digamos, mais acessíveis, por conta da facilidade dada pelos meios modernos de comunicação. A obra Quatro Cantos de Euclides, do poeta Thiago Cascabulho, pode servir de ponte entre esse leitor e a obra de Euclides, considerado um autor de difícil acesso?

R.: A emocionante obra do jovem poeta Thiago Cascabulho, é uma forma muito boa de analisarmos Os Sertões. No meu Projeto “Euclides da Cunha: Base para a Educação Social”, eu desenvolvi uma aula sobre esse livro, e, mais do que esperado, os alunos se encantaram pelos cantos e alcançaram maior conhecimento sobre Os Sertões.

4- Você se considera um leitor assíduo? Qual(is) obra(s) te causou(aram) maior impacto? Por quê?

R.: A obra que me causou maior impacto foi o magnífico Os Sertões, em virtude da leitura difícil para um jovem, mas analisando fragmentos da grandiosa, percebi a brilhante forma de um brasileiro caracterizar o ambiente, o homem fruto da terra e as situações vividas. Basta isso para se encantar com Euclides da Cunha.

5- Em seu projeto, você destaca a importância de Euclides da Cunha para a vida social dos jovens. Fale um pouco sobre isso.

R.: Quando me propus a desenvolver um Projeto sobre Euclides, foi para partilhar do que aprendi: quando conheço um exemplo de cidadão, nele posso me empenhar para ser reflexo e trabalhar para um Brasil melhor.

6- Euclides escreveu sobre a Amazônia e a exploração sem planejamento dos recursos naturais. Esse tema pode ser um bom chamariz para dar visibilidade, entre os jovens, a outras questões levantadas pelo autor. Comente a escolha dessa faceta do escritor em seu plano de aulas.

R.: É necessário explicar às nossas crianças a responsabilidade que elas têm quanto ao futuro ambiental do mundo, em especial do Brasil. Para isso, fica muito inovador explicá-las que um homem há muito tempo já via problemas na Amazônia. A partir daí, perguntamos: Com a expansão do desmatamento, como ficará a nossa Amazônia num futuro recente? Pensemos.

7- Você se propõe a resgatar a importância da se valorizar as origens da cidadania cantagalense por meio da memória de um ilustre cidadão: Euclides. Esse tipo de ação tem a função de elevar a autoestima das gerações em formação. Que fatores podem ser considerados, a seu ver, promotores da baixa autoestima por parte da juventude cantagalense?

R.: Um fator promotor da baixa autoestima é saber que moramos num lugar que não é conhecido culturalmente no nosso país. Isso não é verdade! Se as gerações em formação se conscientizarem que temos uma ponte para alcançarmos reconhecimento nacional e mundial, elas terão o orgulho de morarem em nossa “terra de belezas e encantos mil”, o berço da ponte para o reconhecimento social, que é Euclides da Cunha!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sessão Solene de Encerramento do Ano Nacional de Euclides


A Camara Municipal de Cantagalo e o Grupo Euclidiano de Atividades Culturais realizam sessão solene de encerramento do Ano Nacional de Euclides da Cunha e em comemoração aos 107 anos de lançamento do livro Os Sertões. O evento acontecerá no dia 02/12, às 19h30, na praça João XXIII, no centro da cidade de Cantagalo/RJ, onde o escritor homenageado nasceu.

O evento será conduzido por Ciro Fernandes Pinto, presidente da Câmara de Cantagalo e promete mobilizar a comunidade cantagalense, principalmente as escolas. A programação conta com música, apresentação teatral e com a presença de trovadores, além dos discursos das autoridades e do orador da noite, Dr. Júlio Carvalho, que falará sobre o nacionalismo de Euclides da Cunha.

Segundo os organizadores, haverá ainda algumas surpresas durante o evento para o publico presente.A sessão solene acontecerá no dia 02 de dezembro, às 19h30, na praça principal da cidade de Cantagalo-RJ.

sábado, 21 de novembro de 2009

Projeto 100 Anos Sem Euclides na Câmara Municipal de Niterói

Participantes e apoiadores do Projeto Cultural 100 anos sem Euclides no plenário do palácio legislativo de Niterói-RJ

Coordenador do projeto preside sessão solene em homenegem a Euclides da Cunha

No último dia 07 de novembro, foi realizada na cidade de Niterói-RJ, no Palácio Legislativo, uma sessão solene em homenagem a Euclides da Cunha, a fim de marcar o centenário da morte de um dos mais importantes escritores da literatura nacional e fluminense.

A sessão foi aberta pelo presidente da Câmara de Niterói, Paulo Bagueira, e logo depois passou a ser presidida pelo coordenador do projeto 100 Anos Sem Euclides na UERJ, o Prof. Dr. Luiz Fernando Conde Sangenis, e contou com a participação de lideranças políticas, culturais e artísticas niteroienses. A Câmara de Niterói recebeu, ainda, a visita do presidente da Câmara de Vereadores de Cantagalo (cidade natal de Euclides), Ciro Fernandes Pinto, além dos vereadores Pedrão e Renata Huguenin, e do secretário de Turismo José Alberto Considera, também daquele município.

A Prof.a Anabelle Loivos (coordenadora do projeto na UFRJ) fez uma breve explanação sobre as ações do projeto 100 Anos Sem Euclides para a plateia, mostrando fotos e vídeos que resumiram o Ano Nacional de Euclides (2009). A seguir, o presidente da Academia Fluminense de Letras, Dr. Edmo Rodrigues Lutterbach, fez uma fotobiografia de Euclides da Cunha, desde a infância em Cantagalo até a sua trágica morte, em agosto de 1909.

O público presente foi brindado, ao final, com um belo espetáculo de poesia, organizado pela poeta Neide Barros Rego, a partir de de sonetos de Euclides da Cunha, trovas de autores cantagalenses e poemas do próprio orador da noite, Edmo Lutterbach. O representante da família de Euclides, Sr. Joel Bicalho Tostes, parabenizou o Projeto 100 Anos Sem Euclides e a Câmara Municipal de Niterói pela louvável iniciativa de homenagear Euclides da Cunha através de uma carta publicada aqui no blog. Seguem algumas fotos do evento:


O professor Luiz Fernando Conde Sangenis, coordenador do Projeto 100 anos sem Euclides

Da esquerda para a direita: Luiz Fernando Sangenis (UERJ), Ciro Fernandes Pinto (pres. Câmara Cantagalo), vereadores Renata Huguenin e Pedrão (Cantagalo) e Bebeto Considera (sec. Turismo Cantagalo).

A poeta Neide Barros Rego, declamando poesias de Euclides da Cunha.

O Dr. Edmo Rodrigues Lutterbach, importante Euclidianista Fluminense

Carta de Joel Bicalho Tostes


A Carta a seguir foi enviada por ocasião de uma sessão solene em homenagem ao escritor Euclides da Cunha na Câmara Municipal de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. A missiva foi escrita na cidade de Cabo Frio-RJ, onde vive este ilustre descendente do escritor.


"Cabo Frio Out - 2009

Exmo. Presidente da Câmara de Vereadores de Cantagalo

Ilustres Sr. Vereadores

Demais autoridades presentes

Senhores e senhoras

A família do autor de Os Sertões antevia que as comemorações dos `` 100 anos sem Euclides ´´ neste 2009 iriam acontecer, acreditando porém que isso sucederia mais em São Paulo e Rio de Janeiro, dada a vinculação profissional e amizade pessoal que o escritor, sempre, manteve nesses dois estados.

Todos porém tiveram esta bela surpresa: as homenagens foram muitas em diversas cidades brasileiras com relevo, valendo como demonstração ao talento do grande literato. Ao longo de tantas décadas, os brasileiros souberam avaliar com justiça Euclides da Cunha, bem como a dedicação do incansável patriota, escrevendo o que deveria ser escrito, mostrando à sociedade acertos e equívocos, apoiando - se para tanto naquilo que aprendeu e manteve vida afora: seguir sempre os ditames do que chamava de ``linha reta ´´, preservada e praticada por ele desde a adolescência.

Outro aspecto que distinguiria Euclides da Cunha: a sua fidelidade às pessoas as quais dava e recebia essa qualidade invejável - a Amizade.

Hoje, reúne-se nessa casa de leis uma plateia de pessoas honrando o ciclo encerrado nesta adorável e progressista Niterói, com chave de ouro, em tão invejável série de homenagens a Euclides da Cunha, pedindo seus familiares, a todos aqui presentes, que aceitem nossos cumprimentos mais sinceros.

Limitados por problemas de saúde, pedimos que a prezada amiga Dra . Anabelle fosse a portadora desta nossa manifestação.

Boa noite a todos.

Joel Bicalho Tostes."

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Aviso importante do Seminário Internacional 100 anos sem Euclides


Atenção pesquisadores e apresentadores de trabalhos científicos do "Seminário Internacional 100 Anos Sem Euclides": saiu o ISBN do livro1 de resumos do congresso, para fins de registro em Currículo Lattes e similares. Anotem o número:

ISBN n.o 978857884-034-1.



1-O ISBN - International Standard Book Number - é um sistema internacional padronizado que identifica numericamente os livros segundo o título, o autor, o país, a editora, individualizando-os inclusive por edição. Utilizado também para identificar software, seu sistema numérico é convertido em código de barras, o que elimina barreiras lingüísticas e facilita a sua circulação e comercialização.

Cantagalo realiza IV Jogos Florais de Trovas em homenagem a Euclides da Cunha

Por iniciativa da trovadora cantagalense Ruth Farah, foram realizados, no dia 14 de novembro, na sede do FAC (Fraterno Auxílio Cristão), os IV Jogos Florais de Cantagalo. O concurso teve como tema “Sertão”, em homenagem ao centenário de morte de Euclides da Cunha, e contou com a participação de trovadores de todo o Brasil, além de contar com cinco trovas de Portugal.

Cada trovador, no momento em que ia receber seu prêmio, declamava seu trabalho, brindando o público presente com as rimas e belezas do sertão brasileiro. A quarta edição dos Jogos Florais, neste ano de 2009, é o segundo evento deste porte em homenagem a Euclides da Cunha em Cantagalo, já que, em setembro, dentro da programação do Seminário Internacional “100 Anos sem Euclides”, ocorreu o Concurso Internacional de Trovas, também sob a coordenação de Ruth Farah.

domingo, 15 de novembro de 2009

Ruth Farah lança livro sobre Os Sertões em Cantagalo


A escritora, poetiza e trovadora de Cantagalo, no Rio de Janeiro, Ruth Farah lançou o livro “Um pingo de Os Sertões”. A obra, de 50 páginas, serve como introdução para conhecer o livro vingador do escritor Euclides da Cunha. O objetivo da autora é que as pessoas passem a ter vontade de ler e conhecer Os Sertões. O livro é indicado tanto para adolescentes quanto adultos e profissionais da educação e pode ser adquirido com a própria autora.

Para contar uma pequena biografia de Euclides, o livro se divide em três partes e é recheado de trovas em homenagem ao famoso escritor, tanto de Ruth quanto de autores da cidade de cantagalo, no interior do estado do Rio de Janeiro, onde o escritor homenageado nasceu. Entre os trovadores que contribuíram para o Livro "Um pingo de Os Sertões” estão os premiadíssimos: Adalto Machado, Dirce Machado, Henny Krofp, Dilma Paula, Lafontaine Villela e Heloysio Teixeira, além da saudosa euclidianista Amélia Tomás, primeira diretora da Casa de Euclides da Cunha de Cantagalo.

Segundo Ruth Farah “Euclides em Os Sertões mostrou a realidade das lutas e opressões, passando a imortalidade...”

Ao publicar “Os Sertões”

Euclides ficou na história

Por despertar emoções

De Cantagalo é a glória!

Ruth Farah

No dia 14 de novembro ocorreu a quarta edição dos Jogos Florais de Cantagalo-RJ, sob a organização da Trovadora Ruth Farah. O tema do Concurso de trovas foi : Sertão, em homenagem ao Centenário de Morte de Euclides da Cunha.

Coletivo Teatral Sala Preta

Teatro de rua traz novas possibilidades de inter-ação pela arte

O Coletivo Teatral Sala Preta, que atuou no seminário internacional 100 anos sem Euclides, apresenta mais uma inovação

Ao realizar uma urbisfagia, uma ação coletiva de invasão da silhueta urbana entre grupos teatrais e agitadores culturais, o coletivo Teatral Sala Preta levou às ruas de Barra Mansa, no interior do estado do Rio de Janeiro, o teatro realizado durante os seus 10 meses de trabalho e de existência. Durante esse período, foram erguidos três espetáculos que já circularam pelo interior e a capital do estado do Rio de Janeiro, participando de eventos como a FLIP, Semana Euclides da Cunha da UFRJ, Projeto 100 anos sem Euclides em Cantagalo, Festival de Teatro de Resende e, em setembro, de um giro por quatro cidades do Equador.

TOMADA URBANA ATO I ocorreu entre 12 e 14 de novembro de 2009, na Praça da Liberdade, no município de Barra Mansa, com grande número de espectadores, e trouxe para a rua o teatro independente e que visa somente a interação com a cidade e com o público, a tão falada formação de platéia. Quem se forma é o artista em cena, celebrando, vibrando, entregando ao público sua arte, o espectador de rua, ele se trans-forma, transcende no seu papel de platéia, porque vivencia a obra, e isso é pra sempre.

No repertório do Coletivo estiveram as obras: "O Nordeste de Gonzagão", "O Cascudo Douradinho em: Amiga Lata, Amigo Rio" e "Cantos de Euclides" (que conta com a parceiria do ECFA - Espaço Cultural Francisco de Assis França, Grupo As Bastianas, Grupo CENA e atores convidados totalizando a partipação de 35 artistas e técnicos).

Para saber mais, o site do sala Preta é www.salapreta.wordpress.com

Euclides da Cunha: uma odisseia nos trópicos

Resenha do livro de Frederic Amory, publicado pela editora ateliê editorial.

Por Francisco Foot Hardmann

Este é um livro que já nasceu clássico. Primeiro, porque escrito por um brasilianista e euclidianista que frequentou profundamente os estudos da história, cultura e literatura do Brasil por quase 60 anos. Segundo, porque escrito num estilo equidistante tanto da cena narrada quanto das fontes da pesquisa, escorreito na forma e ponderado nos juízos críticos, sem prejuízo da interpretação pessoal de alguém que conheceu intimamente toda a obra do biografado. E mais: de alguém que dialogou com todas as biografias disponíveis de Euclides, do estudo pioneiro abrangente de Francisco Venancio Filho (1940) ao ensaio inconcluso de Roberto Ventura (2003), dos trabalhos de Elói Pontes (1938), Sylvio Rabello (1946), aos estudos mais temáticos e fundamentais de Olympio de Souza Andrade (1960) e de Leandro Tocantins (1968). Traça com todos esses antecessores interlocução permanente. O autor não é, pois, um novato, nem arroga qualquer autoproeminência. Fala sempre ancorado em textos, sejam os documentos, sejam os intérpretes que lhe antecedem. Por isso, sua narrativa sai com essa cara de vinho bem envelhecido. Os leitores têm só a ganhar, em sabor, mas igualmente em rigor.

Quando Frederic Amory faleceu, em janeiro passado, em Berkeley, cidade que esse bostoniano liberal radical adotara há pelo menos quatro décadas como morada, por conta de seu trabalho como professor de literatura medieval inglesa e especialista reconhecido em literaturas nórdicas (Islândia e Noruega) na Universidade de San Francisco, nós, seus amigos, repentinamente separados dessa alma que sabia se mostrar, sempre, tão generosa em sua altivez de aristocrata do espírito, pensamos: será que se repetirá, ainda uma vez, a “maldição” dos biógrafos de Euclides, relembrada anedoticamente por outro pranteado amigo – Roberto Ventura –, ali mesmo, em São José do Rio Pardo, na Semana Euclidiana de 2002, na terceira noite anterior à sua morte? Roberto referia-se ao caso de Luiz Vianna Filho, que não teria levado a termo projeto de biografia euclidiana, depois de ter escrito as de Machado de Assis e Rui Barbosa. Pensava também em Olympio de Souza Andrade, que deixara inédito o interessantíssimo ensaio Euclides da Cunha depois de Os sertões, até hoje a reclamar a devida publicação, como justo prolongamento e desfecho dessa obra-prima que é seu História e interpretação de Os sertões.

Mas, não. Euclides da Cunha: uma odisseia nos trópicos estava pronta. E foi assim, como lembra o colega e amigo Leo Bernucci no prefácio. Velho e doente há anos, Fred Amory sobreviveu, como tantos outros autores, apenas o bastante para concluir seu projeto de uma escrita que era uma vida. E deu. E nos deu um primor de narrativa, e um trabalho no fôlego mais distendido da melhor tradição acadêmica, livro que passa a integrar, com destaque, qualquer estante de estudos brasileiros e euclidianistas, qualquer seção de “como se fazer uma boa biografia”.

E se você, leitora, leitor, que tiveram paciência de me seguir até aqui, perguntarem de chofre: dê-me pelo menos três razões para adquirir e ler o livro de Amory, eu lhas darei. Ficarei com três, já que não posso dar dez, pois o editor do caderno ultima-me minutos e caracteres. Primeira razão: no rastro de alguns dos biógrafos old generation, Fred foi obsessivo, ambicioso: leu exaustivamente o conjunto da obra de Euclides e também sua fortuna crítica gigantesca, que só emparelha em extensão, na literatura brasileira, com a de Machado, atualizada até recentemente, com o boom notável de novas contribuições nessas duas décadas. Nasce daí uma visão abrangente e compreensiva do conjunto da obra e das principais linhas de interpretação. Basta dizer que, para além dos livros de Euclides, Amory debruçou-se sobre toda a sua ensaística jornalística dispersa e também sobre muita da poesia inédita, pois foi nosso companheiro de viagem, de Bernucci e meu, no projeto da Poesia reunida.

Segunda razão: movido por febre intelectual autêntica, isto é, alheia aos rituais burocráticos do ramerrão universitário, e por paixão permanente pelo Brasil, por suas histórias e culturas, Fred acumulou um saber admirável e próprio de grande brasilianista. Seu biografado não paira como mais um daqueles personagens da série “meu tipo inesquecível”, como sensação excêntrica, mas como homem de seu tempo, como cientista e artista atravessado pelas contradições da época. Estamos diante de uma biografia intelectual no melhor sentido da expressão. Ao perseguir as trilhas do grande escritor, depara-se com o mundo e o Brasil em transformação, nas complexas passagens do Oitocentos ao Novecentos.

Terceira razão: Amory, visitante regular do país desde o início da década de 50, aqui conheceu Rosaura Escobar, uma das filhas de Francisco Escobar, talvez o maior amigo e principal correspondente de Euclides. Ingressou assim cedo no círculo dos movimento euclidiano, participando desde logo das Semanas mitológicas em São José do Rio Pardo. Daí abriu-se um universo. Interagiu com Olímpio de Souza Andrade, Guilhermino César, Oswaldo Galotti, José Bicalho Tostes. Aproximou-se, ao longo do tempo, da memória de Euclides pelo lado pessoal, familiar, psicológico. Mas sua condição de estrangeiro preservou a distância e equilíbrio adequados.

Como nota em suas “Observações Finais”, citando Lord Acton, Fred aceitou o desafio de “julgar o melhor do talento e o pior do caráter”, mas sem cair na tentação de buscar “unidade artística no caráter”. No tumulto da vida, não há coerência. Por isso, ao contrário da busca da “linha reta”, lembra-nos dos “desvios visionários” de Euclides em suas noites amazônicas. Linhas sinuosas, sem lógica, como aquele traçado tão irregular do rio Purus na Carta que desenhou com afinco na grande viagem e que Amory, com sensibilidade, escolheu para encerrar essa sua tão bela narrativa.

E se ainda assim você permanece incrédula(o), e insiste: poderia um scholar de antigas sagas islandesas e norueguesas tratar tão bem de uma epopeia brasileira, tanto a obra quanto a vida de seu autor? Responderei: sim, perfeitamente. Pois na imperfeição das humanidades vividas nesses extremos geográficos e históricos, confluem, nas periferias do círculo polar ártico e do trópico semi-árido ou úmido, as escritas sem fim de homens em luta com a Terra e entre si. Fred, esse raro amigo, que rotulou seu arquivo de recortes, cartas e fotocópias mais valioso de “Meu Brasil”, sabia, como poucos de nós, os segredos dessa “solidão em sociedade” que fez de Euclides da Cunha um de nossos últimos românticos.

Porque tinha, como escriba, a dose certa de desprendimento própria da melhor vocação de pioneer, de explorador de qualquer vastidão, de qualquer Oeste. E nos legou esse belo ensaio biográfico, que certamente ficará. Ainda o vejo brilhar, em nossas gastronomias de Berkeley, com seu humor cáustico, sua curiosidade infantil, seu abraço acolhedor. Se é duro demais perder um amigo, é feliz o dia de celebrá-lo, em meio ao centenário da morte de Euclides, com essa odisseia, que viverá dos sopros da memória, da vida inteligente que lhe cruze os caminhos e, também, de um e outro sobressalto no coração.

Francisco Foot Hardman
é professor titular do programa de teoria e história literária da Unicamp e autor, entre outros, de A vingança da Hileia: Euclides da Cunha, a Amazônia e a literatura moderna (Editora Unesp)

A viagem poética de Euclides


Reunião inédita de 133 trabalhos apresenta visão de conjunto da produção em versos do escritor

Integrado aos eventos que lembram, em 2009, os cem anos da morte de um dos maiores escritores brasileiros, a Editora Unesp lançou, em 15 de outubro, na Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha, o livro Euclides da Cunha: poesia reunida. A edição comemorativa oferece pela primeira vez uma visão de conjunto do acervo poético do autor de Os sertões, grande parte inédito.

Organizado por Leopoldo M. Bernucci, professor de Literatura Latino-Americana da Universidade da Califórnia, e Francisco Foot Hardman, da Unicamp, o volume mostra como a poesia de Euclides apresenta repúdio à escravidão negra, utopia revolucionária republicana, metafísica do eu, angústia da vida humana desgarrada da religião, desejo de morte e de glória, panteísmo e anticlericalismo.

Também se caracteriza por denúncia da miséria social, militância antimonarquista, patriotismo acentuado, desejo de representar os principais momentos da história geral e nacional, amor à natureza, elogio da vida no campo e repulsa à cidade.

Antologia de Bandeira – Dois textos, “Mundos extintos” e “Se acaso uma alma se fotografasse”, foram escolhidos, em 1946, por Manuel Bandeira para integrar a sua Antologia de poetas bissextos brasileiros contemporâneos. Mas, geralmente, a poesia de Euclides saiu esparsamente, antes e depois da morte do seu autor, em publicações hoje de difícil acesso ou manuseio, mal citada, defeituosamente transcrita e editada.

A presente edição traz 133 poemas, sendo 78 pertencentes ao caderno manuscrito Ondas; 20 poemas dispersos e 12 postais, além de 15 variantes principais e oito secundárias. Até agora, a maior reunião de poemas de Euclides não atingia os 40 textos.

A obra cobre quase trinta anos da vida do autor (1883-1909). Há sonetos, odes, versos heroicos, épicos, dramáticos, líricos e versos rimados ou brancos escritos em cartões, bilhetes postais ou em retratos dele próprio.

O caderno Ondas (1883/84) traz também 13 notas do próprio poeta, 12 em folhas separadas e uma de rodapé para um único poema, “No túmulo de um inglês...”. Geralmente, cada poema traz a data de composição e a assinatura do autor, que oscila entre Euclydes, Euclydes da Cunha e Euclydes Cunha.

Em postais – Os poemas reunidos como Dispersos (1885/1909) trazem pelo menos quatro inéditos em livros, além de dois jamais publicados sob nenhuma forma impressa. Em Poesia postal (1902/1906), estão textos rascunhados em cadernos ou em folhas avulsas manuscritas – não se sabendo ao certo se foram expedidos – em blue prints, técnica de reprodução fotográfica muito em voga na época, cartões ou bilhetes postais.

Destacam-se os postais coloridos sobre a viagem de Euclides à Amazônia. Escritos entre dezembro de 1904 e fevereiro de 1905, são endereçados para vários amigos. Do mencionado soneto “Se acaso uma alma se fotografasse”, Bernucci e Hardman levantaram quatro diferentes variantes.

Elas foram enviadas a distintos destinatários, fazendo supor que esse número tenha sido ainda maior, pois Euclides se dedicou a manuscrevê-lo, alterando-o, sempre sobre as mesmas reproduções de uma fotografia do grupo expedicionário ao Alto Purus.

O volume é de grande importância por motivar uma melhor análise da complexa transição do romantismo ao modernismo no Brasil, entre as duas últimas décadas do século XIX e a primeira década do século XX. Propicia também uma visão mais completa de Os sertões, um dos mais importantes livros da literatura nacional.

Oscar D’Ambrosio

Palácio Euclides da Cunha


A cidade de Niterói realizou, no começo do mês de novembro de 2009, ano do centenário de morte do escritor Euclides da Cunha, sessão solene em sua homenagem, na câmara Municipal. Porém, o município já há muito vem guardando uma homenagem mais duradoura em seu seio: o palácio Euclides da Cunha, situado em seu horto botânico. O prédio imponente serviu a diversas atividades desde que passou a fazer parte do patrimônio público, abrigando instituições voltadas ao meio ambiente, como a Escola Superior de Agricultura e Veterinária, a primeira do tipo no país.

Em 1942, por ocasião do IV centenário de Niterói, o palácio recebeu o nome de Euclides da Cunha como homenagem ao escritor, e diante de si foi instalado o jardim zoológico da cidade. O edifício foi, ainda, palco de relevantes pesquisas científicas, como a da fabricação da vacina contra a varíola e a da aplicação do álcool como combustível em motores e máquinas agrícolas.


Por sua importância histórica, arquitetônica e ambiental, a construção foi tombada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural - INEPAC, em 15 de setembro de 1991, através do processo E-12/393/91, eternizando assim o nome de Euclides da Cunha em um dos mais importantes e belos pontos turísticos de Niterói.

Fonte: livro "Niterói Patrimônio Cultural", editado pela SMC/Niterói Livros em 2000.

A eternidade de Euclydes da Cunha tem edição lançada em Niterói



O livro do eucliadinista Edmo Rodrigues Lutterbach, foi lançado em Niterói, na famosa Livraria Ideal, do livreito Carlos Mônaco.


Edmo Rodrigues Lutterbach nasceu para escrever sobre Euclides da Cunha como Paganini para tocar violino". A conclusão de José Cândido de Carvalho, o grande contista e romancista campista, foi publicada no jornal O Fluminense, em 29 de maio de 1988, logo após o lançamento do livro A eternidade de Euclydes da Cunha. A obra, que reunia dois ensaios do presidente da Academia Fluminense de Letras, foi acrescida de mais um texto de Edmo Lutterbach e ganhou a sua segunda edição, pela Nitpress, num tributo ao centenário de morte de Euclydes (Euclydes de ipsilon, como faz questão o autor, num retorno à grafia original do nome do grande escritor fluminense, que passo também a acatar). O lançamento ocorreu no sábado, dia 14 de novembro, no Calçadão da Cultura da Livraria Ideal (Rua Visconde de Itaboraí, 222, Centro, Niterói).

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ponto de Cultura será desafio do Projeto


O Projeto 100 anos sem Euclides dará um novo passo após a realização com sucesso de seu Seminário Internacional, em setembro de 2009: a partir de agora o foco do projeto será o Ponto de Cultura Os Serões de seu Euclides, a ser instalado na cidade de Cantagalo, no interior do estado do Rio de Janeiro. A iniciativa da professora-doutora Anabelle Loivos recebe apoio de diversos setores sociais do município de Cantagalo e promete ser um farol de ampliação da cultura e da cidadania entre a população, especialmente entre os jovens.

Com o Ponto de Cultura "Os Serões do Seu Euclides"(*) pretende-se resgatar a memória euclidiana e ressaltar o patrimônio material e imaterial que a obra do escritor faz circular, em manifestações artístico-culturais e ações interdisciplinares. Para tanto, serão três anos de vigência, sob os auspícios de verba pública específica, podendo ser prorrogado o prazo de vigência de acordo com o sucesso de implementação das ações ou, até mesmo, mantendo-se o Ponto de Cultura de forma autossustentável.

A maior parte das atividades do Ponto de Cultura ocorrerão em um centro cultural já existente na cidade de Cantagalo, a Casa de Euclides da Cunha (Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro/FUNARJ), que receberá (via Edital MinC-SEC/RJ) investimentos para informatização e equipamentos que viabilizem o funcionamento das diversas vertentes do Ponto de Cultura – como um cineclube, apresentações de saraus lítero-musicais, centro de documentação e memória, cursos de extensão, manutenção de espaço virtual na internet e oficinas de jornalismo e histórias em quadrinhos.

O desafio do Projeto encontra-se na proposta de formar novas gerações com um sentimento de pertencimento à comunidade, através da história e da memória de outros cidadãos do município de Cantagalo que marcaram seu tempo, como a figura emblemática de Euclides da Cunha.

(*)Entendendo serões na sinonímia "festiva" dos saraus poéticos e como trocadilho que referencia uma das maiores obras literárias brasileiras, Os sertões, de Euclides da Cunha.

Cantagalo homenageia projeto


O poder legislativo da cidade de Cantagalo, no interior do estado do Rio de Janeiro, dedicou uma moção de parabenização aos professores Anabelle Loivos Considera Conde Sangenis e Luiz Fernando Conde Sangenis, coordenadores do Projeto 100 anos sem Euclides. A moção foi apresentada pelos vereadores Ciro Fernandes e Renata Huguenin.

Os homenageados foram destacados pelos serviços prestados à cultura da população, através do Seminário Internacional 100 anos sem Euclides, ocorrido em setembro de 2009 na cidade, e também pelos projetos culturais que se seguirão ao evento, como a instalação de um ponto de cultura no município, entre outras ações.

Além disso, os professores Anabelle Loivos e Luiz Fernando foram mencionados por sua carreiras voltadas para educação, ambos lecionam em faculdades de formação de professores, e por terem a preocupação em destacar o nome do nobre escritor Euclides da Cunha na história e na cultura da cidade de Cantagalo, onde o mesmo nasceu, e no Brasil.

Câmara terá sessão solene sobre Euclides


A Câmara Municipal da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, realizará uma sessão solene em homenagem ao escritor Euclides da Cunha, para marcar o Ano do Centenário de sua Morte. A mesa será composta por vereadores do município e presidida pelo presidente atual, Sr. Paulo Roberto de Mattos Bagueira Leal.
O Projeto 100 Anos Sem Euclides foi convidado para participar da sessão, apresentando as ações que desenvolveu durante o Ano Nacional de Euclides da Cunha (2009). Também o Dr. Edmo Lutterbach, membro do Conselho Consultivo do projeto, discorrerá sobre uma fotobiografia de Euclides da Cunha. O evento terá culminância com um recital de poesias de Euclides da Cunha e de poetas flumineneses que versaram sobre o ilustre cantagalense autor de "Os Sertões", organizado pela poeta Neide Barros Rêgo.
A sessão solene tem entrada franca e acontecerá no dia 09-11-2009, a partir de 19h, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Niterói.
Endereço: Av. Ernani do Amaral Peixoto nº 625, Centro, Niterói, RJ - CEP: 24020-073 - Tel: (21) 3716-8600.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

MAM - Cinema: A PAZ É DOURADA

O Cineclube Cinead, do museu de arte moderna do Rio de Janeiro, o MAM, homenageará Euclides da Cunha no ano do centenário de sua morte com o longa-metragem A Paz é Dourada, de Noilton Nunes. A apresentação acontecerá nesta quinta-feira, dia 05 de novembro, às 18h30, na sede do MAM. Após a exibição haverá um debate com o cineasta.

O longa metragem A Paz é Dourada é um filme inspirado na vida e obra do escritor Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, livro sobre a guerra de Canudos, evento ocorrido no final do século XIX no interior da Bahia. A obra se tornou um clássico da literatura em língua portuguesa.

O filme destaca os pensamentos pacifistas e ecológicos de Euclides com proposta clara de participação positiva no movimento internacional pela Cultura da Paz e do entendimento entre os povos. Iniciado em 1986 com as primeiras cenas rodadas em 35mm na cidade de São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, onde Euclides escreveu Os Sertões, o filme A Paz é Dourada somente pode ser concluído em 2007, através da mudança na proposta do roteiro, concebido inicialmente para ser um filme 100% ficção. O próprio processo de sua realização foi então incorporado ao filme tornando-se um dos fios condutores da narrativa.

Euclides, consagrado pelo sucesso de Os Sertões, foi convidado pelo Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, para chefiar uma expedição ao Alto Rio Purus, no Acre com o objetivo de demarcar nossas fronteiras amazônicas e evitar uma guerra com o Peru por causa da borracha.

A sessão com o filme acontecerá na quinta-feira, dia 05/11/2009 às 18:30h. A Cinemateca do MAM fica na Avenida Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo, Rio de Janeiro.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

GEAC visita Academia Brasileira de Letras


Os diretores do Grupo Euclidiano de Atividades Culturais de Cantagalo, no interior do estado do Rio de janeiro, Alex Vieitas, Fernanda Bruni e Marcos Longo, estiveram na cidade do Rio de Janeiro no dia 21 de outubro para uma visita a Academia Brasileira de Letras. De 27 de agosto a 5 de novembro, a Academia Brasileira de Letras abriga a exposição "Euclides, Um Brasileiro", em homenagem ao centenário de morte do autor de "Os Sertões". A mostra, que tem Alexei Bueno como curador, reúne documentos, fotos, vídeos e livros para descrever a história do jornalista e escritor cantagalense Euclides da Cunha. A exposição, abrigada no Centro Cultural da ABL, no 1º andar, está aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. A entrada é franca.

A Academia também está promovendo um Ciclo de Conferências sobre Euclides da Cunha, com a coordenação do Acadêmico Alberto Venâncio Filho.

Na oportunidade, os membros do GEAC, além de admirarem a exposição, conheceram os salões do prédio da Academia, com destaque para a Sala das Sessões, Sala do Chá, Sala dos Poetas e a Biblioteca da Academia, que possui mais de 25 mil volumes e muitas raridades - como a 1ª edição de "Os Sertões"; "Os Lusíadas", de Luis de Camões, datado de 1572, e pertences pessoais de Acadêmicos como Manuel Bandeira, Machado de Assis, Olavo Bilac e do próprio Euclides da Cunha.

O Presidente da Academia Brasileira de Letras, Dr. Cícero Sandroni, recebeu os diretores do GEAC em seu gabinete. Na ocasião, a Academia foi homenageada pelo GEAC com uma placa. O Dr. Cícero Sandroni foi conferencista no Seminário Internacional 100 anos sem Euclides, ocorrido no mês de setembro, em Cantagalo.

O GEAC tem um forte compromisso moral com o Euclidianismo cantagalense. Mesmo com quase nenhum recurso, o grupo procura disseminar a vida e a obra de Euclides da Cunha, além de divulgar a cidade de Cantagalo, terra natal de Euclides, por todos os lugares.

Fonte: assessoria de imprensa GEAC

Cem anos de Euclides da Cunha na PUC-Rio


O Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio organiza nos dias 28 e 29 de outubro um evento comemorativo dos cem anos de morte de Euclides da Cunha. Além do seminário sobre a vida e a obra do escritor, haverá uma exposição no Auditório Padre Anchieta, no campus Gávea da Universidade. A partir do dia 30, a exposição “Euclides da Cunha: Vida e Palavra” será transferida para o saguão da biblioteca central, no 3º andar da Ala Frings do Edifício da Amizade, onde permanecerá em cartaz até o dia 19 de novembro.
Euclides da Cunha é autor de um dos maiores clássicos da literatura brasileira, o livro Os Sertões. No seminário, além de duas mesas-redondas com especialistas na obra do autor, haverá um Cine-Fórum, com o filme Guerra de Canudos (1997), de Sergio Rezende, que participa de um debate logo após a exibição. No encerramento, dia 29, será lido por Érico Braga o conto Judas-Ahsverus.

Programação Seminário “Euclides da Cunha: Cem Anos”:

28 de outubro, no Auditório Padre Anchieta

9h30min – Abertura com os professores Julio Diniz, diretor do Departamento de Letras da PUC-Rio, e Eliana Yunes, coordenadora da Cátedra UNESCO de Leitura.

10h – Mesa-Redonda "A Canudos de Euclides da Cunha: um tratado sobre milenarismo?", com a professora Maria Clara Bingemer, Decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio, a pesquisadora Maria Luiza Barreto-Delleur e Tarcísio Padilha, da Academia Brasileira de Letras. A mediação será feita pelo escritor Alexei Bueno, também da Academia Brasileira de Letras.

14h30m – Cine-Fórum: Guerra de Canudos (1997). Participam do debate o diretor do filme, Sergio Rezende, Ricardo Oiticica, da Cátedra UNESCO de Leitura da PUC-Rio, e a coordenadora da Cátedra, professora Eliana Yunes.

29 de outubro, no Auditório Padre Anchieta

10h – Abertura “Biografia de Euclides da Cunha”, com Ricardo Oiticica.

10h30min – Mesa-Redonda “Olhares sobre Euclides”, com a participação do escritor e pesquisador Mauro Rosso, do antropólogo e professor Roberto DaMatta, do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, do professor Gilberto Mendonça Telles, do Departamento de Letras da PUC-Rio, e Maria Alice Baroni, Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio.

12h – Encerramento – Leitura do conto Judas-Ahsverus, de Euclides da Cunha, por Érico Braga, poeta, escritor e pesquisador da Cátedra UNESCO de Leitura.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social PUC-Rio

Palestra na Casa da Cultura de Nova Friburgo


Em evento na Casa da Cultura (antigo fórum da Praça Getúlio Vargas), em Nova Friburgo, no interior do estado do Rio de Janeiro, a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do projeto interinstitucional 100 anos sem Euclides da Cunha, Anabelle Loivos, apresentou a palestra "100 Anos Sem Euclides? Entre Memória e Esquecimento". Na ocasião, ela falou sobre a importância do estímulo à leitura dos clássicos entre crianças e jovens, enfocando a figura de Euclides da Cunha - que teve parte de sua história e de sua família ligadas à cidade serrana. A atividade integrou a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, que contou com diversas ações em Nova Friburgo, promovidas pela Secretaria Municipal de Cultura e pelo Programa Pró-Leitura.

Aleilton Fonseca em entrevista na TV senado

O escritor baiano Aleilton Fonseca esteve, na última semana de outubro, no programa "Leituras", da TV Senado, comandado pelo também escritor e jornalista Maurício Melo Júnior. Na ocasião, ambos discutiram sobre o lançamento de "O Pêndulo de Euclides", nova obra de Aleilton.

As entrevista, postada no blog Coisas do Junco, em três partes
, pode ser acessada pelos seguintes links:

Parte 01 / Parte 02 / Parte Final

Segundo o crítico Wisher Fraga,
no site Jornal de Poesia, "Aleilton é um autor de frases límpidas, poéticas, despojadas, livres das adjetivações gratuitas (...). o que dá a sua obra um ar de sobriedade e, ao mesmo tempo, de profunda solidariedade com o homem." O baiano Aleilton também escreveu o livro "Nhô Guimarães"

"O Pêndulo de Euclides"é uma boa oportunidade de se mergulhar nas águas do Açude de Cocorobó, sob as quais está situada a ruína do arraial de Canudos, e de se pescar às margens do rio Vaza-Barris, além de ser boa opção de presente de fim de ano.


Fonte: blog Coisas do Junco

sábado, 24 de outubro de 2009

São Paulo revisita um pedaço do sertão da Bahia


Em novembro, São Paulo terá um pedaço do sertão da Bahia. A UPIC (União Pelos Ideais de Canudos) realizará, em Interlagos, o 9º Encontro dos Canudenses e Amigos. O evento será dedicado à memória de Euclides da Cunha, escritor que se consagrou com o livro "Os Sertões" ao relatar a guerra de canudos e a situação social do sertanejo no início do século XX. Haverá diversas atrações musicais e comidas típicas.

A UPIC foi fundada em 1994 por Migrantes Canudenses e simpatizantes da História de Canudos residentes na cidade de São Paulo. Desde sua fundação, por José Aloncio Santos, que nasceu em Canudos, a congregação busca reavivar as história da guerra às margens do rio vaza-barris, por intermédio de depoimentos de descendentes daqueles que viveram nas imediações do conflito. Além disso, a intenção é divulgar a memória do fato histórico e de sua figura mais importante, Antônio Conselheiro.

A organização tem promovido eventos culturais, palestras e encontros difundindo o episódio e as tradições nordestinas. São realizadas, com este objetivo, parcerias com entidades Sociais e Culturais que também têm interesse em promover principalmente a rica cultura popular do povo baiano: costumes, culinária, musica, dança, folclore, lendas etc.

O 9º Encontro dos Canudenses e Amigos vai acontecer no domingo, dia 08 de novembro de 2009, das 10h às 21h, na Rua Valentim Ramos Delano, 52, Interlagos - São Paulo. Mais informações pelos telefones (11)5845-0925 ou (11) 8656-5532 e pelos e-mails joaoregis@bol.com.br ou upic.canudos@gmail.com.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

São José brilha em memória de Euclides da Cunha

Cícero Sandroni (presidente da ABL) e esposa (centro e esq.) e membros do GEAC (dir.)

A 97ª Semana Euclidiana, evento anual da cidade de São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, em homenagem ao escritor Euclides da Cunha, foi encerrada com um tradicional desfile de entidades e escolas pelas ruas centrais da cidade. Neste ano, a Semana teve um motivo a mais para tornar-se histórica: em 2009 completou-se um século desde a morte de Euclides da Cunha, assassinado em agosto de 1909.

Pelo Brasil inteiro foram organizados incontáveis eventos culturais para marcar a data. Mas todo o meio euclidiano estava mesmo à espera da quase centenária Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo, seguramente o mais importante evento do Euclidianismo, o movimento intelectual dedicado ao estudo da vida e da obra do célebre autor de “Os Sertões”, o livro escrito às margens do rio Pardo.

Poucos personagens na história mundial deixaram o legado de um movimento assim significativo, capaz de mobilizar tantas pessoas por tão longo espaço de tempo, diga-se mais, à revelia de sua própria vontade.

Durante a semana, realizada entre 03 e 11 de outubro, diversos nomes estiveram presentes: desde o delegado da polícia federal, Protógenes Queiroz, protagonista da Operação Satiagraha, até o jornalista Daniel Piza, roteirista do documentário “Um Paraíso Perdido - Amazônia de Euclides”. Passando pelo secretário nacional dos Direitos Humanos, que tem status de ministro, Paulo Sérgio Vanucchi (filho do homenageado Ivo Vanucchi) e pelo presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, que protagonizou a conferência oficial da Semana do Centenário.

Lucia Helena Vitto (centro à dir.) recebe placa dos membros do GEAC

Para marcar a histórica Semana Euclidiana, a Casa de Cultura Euclides da Cunha, entidade responsável pelo evento em São José do Rio Pardo, lançou uma revista comemorativa, em edição de luxo. Com uma tiragem de dois mil exemplares, a revista “Cultura Euclidiana - Ano do Centenário” terá como tema o centenário da morte de Euclides da Cunha. Além disso, a diretora de cultura da casa, Lucia Helena Vitto, foi homenageada com uma placa pelo GEAC (Grupo Euclidiano de Atividades Culturais) de Cantagalo (foto acima), no Rio de Janeiro, cidade natal de Euclides que também cultua a sua memória.

Fontes: Casa de Cultura Euclides da Cunha e GEAC

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Emoção, coerência e seriedade, marcas do seminário

Em Cantagalo, 'Seminário Internacional 100 anos sem Euclides' reafirma o sentimento de patriotismo pela união de interesses em torno da obra euclidiana

por Álvaro Ribeiro Neto*

Durante três dias, a partir de 25 de setembro, a cidade de Cantagalo comemorou o centenário da morte de Euclides da Cunha. O projeto tem o sugestivo nome de “100 anos sem Euclides” e foi organizado pelos professores Anabelle Loivos Considera Conde Sangenis e Luiz Fernando Conde Sangenis. Participaram professores e estudantes de vários estados brasileiros e Leopoldo Bernucci, brasileiro radicado na Califórnia, USA e Berthold Zilly, da Universidade de Berlim, Alemanha, deram o toque internacional ao evento. O caráter nacional ficou por conta de participantes dos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Acre, Paraíba, Bahia, Pará, Ceará, Maranhão.


Criteriosamente organizado, o Seminário dividiu suas atividades em Programações Acadêmicas e Culturais apresentadas, respectivamente, no Hotel Fazenda Pesqueiro da Aldeia onde estudantes e parte dos professores ficaram hospedados e no centro da cidade de Cantagalo com apresentações de filmes relacionados ao tema, de orquestra sinfônica e outros grupos. A abertura coube ao professor Leopoldo Bernucci e o encerramento ao tradutor de Os Sertões, o alemão Berthold Zilly. Além de assuntos relacionados especificamente aos estudos do pensamento euclidiano, outros temas, como a literatura de cordel, tiveram seus representantes. Intelectuais ilustres como o presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, e o escritor e poeta Ariano Suassuna, por exemplo, prestigiaram o congresso. Ariano Suassuna, responsável pela conferência oficial, magnetizou a plateia com sua legitimidade, sua erudição, sua simplicidade, seu carisma, seu ideal de construir através de suas ações como escritor ou Secretário da Cultura de Pernambuco, um Brasil melhor para os brasileiros.

Os nomes de Oswaldo Galotti e de São José do Rio Pardo como precursores do movimento euclidiano, vez por outra foram lembrados durante as comunicações de professores veteranos ou jovens. O Instituto Cultural Oswaldo Galotti, gentilmente convidado pelos organizadores, foi um dos proponentes do Seminário. Um fato interessante: Cícero Sandroni disse que já esteve em São José do Rio Pardo para participar de Semanas Euclidianas. Diante disso procurei-o e ele me falou que conhecia Oswaldo Galotti e ficava hospedado na casa de seu tio Luiz Romano nos anos de 1952/53. Bons tempos esses, da Semana Euclidiana em São José do Rio Pardo...

Fizeram parte das atividades acadêmicas, as Sessões de Comunicações Coordenadas em que um(a) mediador(a) coordenava debates de temas relacionados ao pensamento euclidiano nos seus múltiplos aspectos. A maioria dos pronunciamentos se ocupou com “Os Sertões” e a viagem de Euclides da Cunha ao Amazonas. Estudos atualizados e profundos sobre essas questões foram expostos e debatidos. Em quiosques do magnífico Hotel Fazenda, exposições sobre personalidades da Cantagalo, sobre a atuação de professores locais no ensino do euclidianismo a estudantes do ensino fundamental e médio das escolas públicas. A participação de uma adolescente antes da conferência oficial de Ariano Suassuna contando a biografia de Euclides da Cunha emocionou quem estava participando do evento. Aquela exposição, deixou clara a seriedade da proposta que prepara a juventude cantagalense para entender a vida e obra do escritor conterrâneo.

Outro ponto que considerei importante para a retidão que cercou o Seminário Internacional sobre os 100 anos sem Euclides da Cunha foi a emoção incontida de dois palestrantes ilustres quando se aproximaram mais do autor de Os Sertões em suas falas: Cícero Sandroni ao ler para atentos participantes o texto “A última visita” em que Euclides fala sobre a presença de um adolescente ao leito de morte de Machado de Assis, não conseguiu segurar as lágrimas e quase não acabou o discurso. Em outro momento, Ariano Suassuna, ao responder a um de seus interlocutores sobre o ponto que mais o impressionou na leitura de Os Sertões, também não conseguiu esconder sua emoção ao falar sobre a queda da igreja em Canudos. Gente séria participando de evento sério... Tudo isso para mim significou que quem estava lá, estava envolvido pelo sentimento patriótico que se entrelaça, constantemente, com as ações de Euclides da Cunha quer em suas obras, quer em suas atitudes, durante toda sua biografia. É claro que houve exceções em Cantagalo, mas não fizeram diferença; foram rigorosamente a minoria e não atingiram a extraordinária organização que realizou o projeto.

O “Seminário Internacional 100 anos sem Euclides” foi apaixonadamente organizado pela Anabelle e seu marido Luiz Fernando que correram durante os três dias para dar conta do recado e suavizar pequenos problemas que sempre ocorrem à última hora. Foram auxiliados pelo pessoal do GEAC – Grupo Euclidiano de Atividades Culturais para o suporte logístico que cooperou para a excelência do projeto.

Como em todo lugar, a dificuldade é conseguir verbas. Nem sempre a atividade cultural é levada a sério pelas autoridades políticas de qualquer ponto do país. Como compensação a esses tropeços, sobraram o dinamismo, a serenidade, a disposição, o idealismo tanto de Anabelle como de Luiz Fernando para fazer frente a todos os problemas que precederam o início do Projeto. Notei em tudo uma disposição férrea de divulgar o que o Brasil tem de melhor: o pensamento euclidiano. Saí de lá cobrando dos dois professores a organização do próximo Seminário. Cantagalo assume liderança no movimento euclidiano que deve ser mantida.

O que tem me chamado a atenção é a quantidade de movimentos nacionais que se preocupam com a divulgação do pensamento euclidiano. O centenário de sua morte é o pretexto para que intelectuais se manifestem. Essa confirmação deixou-me curiosamente satisfeito e tranqüilo. Acho que independente de tudo, o euclidianismo vai crescer, se firmar em pontos diferentes do Brasil, ter o mesmo caráter nacional de “Os Sertões”. Vários professores ilustres que estiveram em Cantagalo vinham de um Ciclo de Cinema realizado em Salvador, na Bahia, em homenagem aos cem anos da morte de Euclides da Cunha e no dia seguinte, ao término do Seminário em Cantagalo, participariam de outra comemoração do centenário da morte do autor de “Os Sertões” na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Alguns desses intelectuais, convidados à última hora, estavam em São José do Rio Pardo, completando a programação iniciada pela Marly Tercioty, e, possivelmente completada depois de sua saída. Pensei que a programação da segunda versão da Semana Euclidiana já estivesse fechada há mais tempo.

*do Instituto Oswaldo Galotti

domingo, 18 de outubro de 2009

REVELAÇÕES

Outras duas surpresas do Seminário
A tarde de domingo contou ainda com duas grandes revelações do euclidianismo: o mestrando Prof. Robson Caetano dos Santos, que divulgou em breve comunicação um importante estudo sobre as fontes orais de Os Sertões, e o incansável euclidianista Felipe Pereira Rissato que, além de contribuir para a preparação de textos da Obra completa (edição a ser publicada) ao corrigir e descobrir textos inéditos, ajudou a reunir registros para o banco de dissertações e teses sobre Euclides da Cunha e retratos artísticos de Euclides, disponíveis em site sobre Euclides. Durante o Seminário, o pesquisador Felipe Rissato apresentou pesquisa iconográfica inédita de fotografias de Euclides, amigos e familiares.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

RESUMO DO SEMINÁRIO

Um evento para ficar na memória

Seminário internacional 100 anos sem Euclides acorre em Cantagalo, no Rio de Janeiro, e traz consigo gratas surpresas.

Ousadia e coragem, dois substantivos que servem como uma luva para se tornar adjetivos do Seminário Internacional 100 anos sem Euclides. Ocorrido entre os dias 25 e 27 de setembro de 2009, na pequena cidade de Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro, o evento cultural realizou um grande feito num país onde não se tem muito apreço pela cultura literária: reavivou a memória de um dos maiores escritores que o Brasil já teve em meio à população de uma cidade pequena e esquecida pelo poder público.

Imaginem os mais céticos críticos da realidade brasileira o que é ter a idéia de levar o nome de um autor clássico da literatura desse país, tido por muitos como dono de uma linguagem inacessível, para o público geral. Agora, juntem a essa imagem levar esse mesmo autor para a população de uma cidade pequena do norte fluminense, a 180 quilômetros do Rio de Janeiro, serra acima, e trazendo consigo alguns dos maiores entusiastas e especialistas sobre a obra desse autor, pessoas que vieram inclusive de fora do Brasil, para um evento cultural literário num país onde ninguém lê. Fracasso? Muito pelo contrário, um evento memorável e surpreendente, com a participação ativa de especialistas, estudantes e populares. Se você consegue imaginar, pode ter uma idéia do que foi o Seminário Internacional 100 anos sem Euclides.

O evento foi aberto pelo professor Leopoldo Bernucci (da Universidade da Califórnia, em Davis), e depois de diversos eventos com a presença de ilustres nomes do euclidianismo e de ações culturais, foi encerrado por uma aula-show do escritor paraibano Ariano Suassuna e pela palestra do professor da Universidade de Berlim e tradutor de Os Sertões para o alemão, Berthold Zilly.

Anabelle Loivos e Anélia Montechiari, mulheres cantagalenses

Os professores Anabelle Loivos Considera Sangenis (professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Departamento de Didática da Faculdade de Educação), Anélia Montechiari Pietrani (Professora de Literatura Brasileira da UFRJ) (ambas na foto acima) e Luiz Fernando Conde Sangenis (professor adjunto da Faculdade de Formação de Professores da UERJ e professor auxiliar da Universidade Estácio de Sá, onde também é Coordenador Geral do curso de Pedagogia), foram os grandes arquitetos do Seminário Internacional 100 anos sem Euclides. Com sua coragem e disposição, ambos arregimentaram várias instituições que ajudaram a tornar possível a realização do evento. Entre as principais parcerias estavam as faculdades de Letras e Educação das universidades Estadual e Federal do Rio de Janeiro; o decisivo apoio administrativo e tecnológico do Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência (ILTC); a UNESCO; a FUNARJ; o SESC-RJ e o Grupo Euclidiano de Atividades Culturais de Cantagalo (GEAC), além de diversos outros apoiadores.

OS EVENTOS

Os organizadores encontraram uma fórmula inteligente para realizar paralelamente os eventos acadêmicos e os eventos culturais populares. As palestras, conferências e comunicações, ou seja, o que era voltado especificamente aos professores e pesquisadores, foram realizadas no hotel-fazenda Pesqueiro da Aldeia, a alguns minutos do centro de Cantagalo, enquanto que as outras programações aconteciam na praça central da cidade, com as realizadas pelo SESC-RJ (foto abaixo), com atendimento ao público, recreação infantil e um caminhão-cinema. Uma experiência bem diferente e enriquecedora para todos os que tiveram a oportunidade de participar.

SESC-RJ em ação na praça

Participantes vieram de todas as partes do Brasil

O seminário teve início na sexta-feira, dia 25 de setembro, com uma apresentação musical primorosa do Coral Cantomusarte, de Nova Friburgo-RJ, e com a conferência de abertura do professor Leopoldo Bernucci, da Universidade da Califórnia, esbanjando seu conhecimento profundo acerca da obra e da vida de Euclides da Cunha.

Cícero Sandroni em Cantagalo

No sábado, 26 de setembro, segundo dia do seminário, o presidente da Academia brasileira de Letras, Cícero Sandroni (foto), abrilhantou o evento com uma palestra de incalculável: "100 Anos Sem Euclides". Durante seu discurso, Sandroni misturou um profundo conhecimento sobre aspectos biográficos de Euclides da Cunha com a emoção vertida em lágrimas quando mencionou a participação do homenageado na caminhada pela construção do sentimento nacionalidade, tão fragmentário em nossos tempos, mas erguido pela consciência honrosa de grandes homens como Euclides. Autores que a Academia Brasileira de Letras ajuda a manter incólumes ao ataque do esquecimento, causado também, paradoxalmente, pelo excesso de informação dos dias atuais.

O professor Márcio José Lauria participou da primeira mesa-redonda, cujo tema era: “Euclides e outro sertões: interlocuções na Literatura Brasileira”, ao lado de Leopoldo Bernucci, Edmo Rodrigues Lutterbach, presidente da Academia Fluminense de Letras, e Ronaldes de Melo e Souza, professor da UFRJ, este último com uma clareza analítica capaz de focalizar sem rodeios alguns aspectos centrais das obras literárias que quase sempre são negligenciados pela crítica em geral.

Antônio Olavo

O documentarista e procurador de justiça do estado do Acre, Rodrigo Neves, interagiu com o seminário em suas duas áreas de atuação: tanto em debates na praça central de Cantagalo como em palestras no Hotel Fazenda Pesqueiro da Aldeia, após a apresentação de seu documentário Epopéia Euclydeacreana. Outro que teve o mesmo expediente foi o cineasta Antônio Olavo (foto acima), após a apresentação de seu filme Paixão e Guerra no Sertão de Canudos. Este último veio da Bahia até Cantagalo, chegando a dirigir mais de 14 horas na véspera de sua chegada, apenas por fazer questão de estar presente naquele evento que considerou, como todos, de grande importância ao euclidianismo.

Leopoldo Bernucci, Regina Abreu e Noilton Nunes

O seminário contou ainda com a presença da professora Regina Abreu, da UNIRIO, que em sua palestra abordou os conceitos de memória e empoderamento social, tentanto compreender a quase imediata aceitação da obra "Os sertões" nos setores ilustrados da população carioca, à época de seu lançamento. Durante uma impecável exposição oral, Regina ressaltou ainda o papel da crítica literária, que alçou Euclides e seu livro ao status de clássico nacional.

Gonçalo Ferreira da Silva (foto abaixo), cordelista e presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, também esteve tanto no Hotel Fazenda como com o público da praça central de Cantagalo. Nas duas ocasiões expôs sua arte e realizou apresentações primorosas das técnicas de produção da literatura de cordel, recheadas de poesia e comicidade, o que fez com que as platéias assistissem atentas aos repentes do poeta.

Gonçalo Ferreira da Silva

O seminário teve ainda o prazer em receber o Dr. Manuel Clístenes de Façanha e Gonçalves, autor de uma biografia de Euclides; as professoras Anélia Pietrani e Magali Alonso; e o cineasta autor do filme A Paz é Dourada, Noilton Nunes; além do doutorando João Batista Pereira, com sua originalíssima tese sobre o trágico em Euclides da Cunha, entre tantos outros nomes.

No sábado, a apresentação de trabalhos de Iniciação Científica de graduandos e projetos desenvolvidos em mestrados e doutorados, durante as sessões de comunicações no hotel-fazenda, mostrou o fervor da memória de Euclides em algumas universidades. Destaque para diversos trabalhos especialmente originais e interessantes. Na noite deste dia, a Fazenda centenária Mont Vernon, nas cercanias do lugar onde Euclides da Cunha nasceu, recebeu o Grupo de Teatro Amador do Colégio Anchieta, o TACA, para uma emocionante apresentação da peça Eternamente Euclides nas luzes bruxuleantes da bucólica localidade.

Anabelle Loivos e Luiz Fernando Sangenis como o grupo TACA

Os dois dias de seminário contaram ainda com a presença de dois ilustres representantes de São José do Rio Pardo, cidade que realiza o maior culto no país a Euclides da Cunha e que já dura noventa e cinco anos: João Luiz Cunha, prefeito de São José, e Lúcia Vitto (foto abaixo), diretora da Cultura e da Casa de Cultura Euclides da Cunha, participando de debates.

Lucia Helena Vito (acima), de São José do Rio Pardo

Rodrigo Neves, Maria Olívia, José Carlos Barreto e Fadel David A. Filho

Pôsteres em exposição durante o Seminário

A bela manhã de domingo no verdejante hotel-fazenda Pesqueiro da Aldeia serviu de palco para a segunda mesa-redonda (segunda foto acima) , com o tema “A presença de Euclides da Cunha na Amazônia”. Estavam na ocasião os professores José Carlos Barreto de Santana (UEFS-BA) e Fadel David Antônio Filho (UNESP-RIO CLARO), que também participam da Semana Euclidiana riopardense, e o já mencionado cineasta Rodrigo Neves (Procurador do Estado do Acre). Em paralelo, o público pôde prestigiar a exposição de diversos pôsteres (foto acima) no espaço central do hotel. Em seguida à mesa redonda houve o lançamento de livros que exploram temáticas relacionadas à obra de Euclides da Cunha, com autores como Edmo Lutterbach e Aleílton Fonseca, com destaque para o livro O Pêndulo de Euclides (foto abaixo), deste último, uma ficção que encontra palco no Arraial de Canudos.

Aleilton Fonseca (acima) e seu livro 'O Pêndulo de Euclides'


O Dr. Edmo Rodrigues Lutterbach lança livro durante o Seminário


João Luiz Duboc Pinaud lê Euclides da Cunha

Na tarde de domingo, após o almoço, esteve no hotel-fazenda o humanista João Luiz Duboc Pinaud (foto acima). Com a serenidade e a simpatia de costume, que encanta pessoas de todas as idades, Pinaud falou sobre a experiência de ler Euclides quando jovem e sobre a construção de seu senso crítico com base nas obras do escritor, em um diálogo quase informal com o público.

Em outro espaço de diálogo com os participantes do seminário, também no domingo, o cineasta Antônio Olavo apresentou uma palestra repleta de franqueza, tal qual seu documentário Paixão e guerra no sertão de Canudos. Sua perspectiva diferenciada sobre a produção cinematográfica popular em contraponto ao cinema comercial no Brasil serviu para a afirmação do valor da sétima arte como um instrumento de acesso ao conhecimento de mundo por parte do público, e não apenas como mera diversão consumista.

Bertold Zilly

Já na noite de domingo, após a aula-show de Ariano Suassuna, relatada ao final desse texto, a última e não menos importante palestra foi concedida por Bertold Zilly (foto acima), professor da Universidade de Berlin e tradutor de Os Sertões para o Alemão. Dono de inteligência e sensibilidade estética únicas, Zilly destacou as qualidades polifônicas do texto de Euclides, que tem a capacidade de falar do Brasil e chamar a atenção de leitores do mundo todo. O professor fez menção ao papel intelectual de Euclides no escopo do início do século XX, ao valor de sua intermediação nos conflitos da Amazônia brasileiro-peruana e, por fim, ressaltou ainda a genialidade e a perenidade de sua obra, que mais de um século depois de sua morte pode ser ricamente explorada por tanta gente especial interessada nela. Um desfecho de fazer os presentes no auditório suspirarem a importância de Euclides da Cunha para o Brasil e para o mundo.

AS GRANDES SURPRESAS

Alunos do Colégio Euclides da Cunha prestam homenagem ao autor

Entre tanta coisa interessante, duas foram enormes surpresas: a primeira, o resultado do projeto pedagógico desenvolvido pela coordenadora do Projeto 100 anos sem Euclides, Anabelle Loivos e sua equipe junto às escolas da rede pública. Os alunos da Escola Euclides da Cunha de Cantagalo desenvolveram jograis, letras de samba e outras atividades, e um grupo do 9.° ano se apresentou, finalizando com uma contadora de histórias, que roubou a cena e teve seu dia de estrela (foto acima), pois reprisou a performance antes da palestra do autor paraíbano Ariano Suassuna e ganhou até um beijo do emocionado escritor. A apresentação fez parte do projeto que culminou na edição de um livro contando a biografia do escritor, dirigido ao público infantil, projeto encabeçado pela professora Fabiana Figueira Corrêa. Grande e belíssimo trabalho, parabéns a todos os seus integrantes!

Ariano Suassuna

A outra grande surpresa foi mesmo a presença de Ariano Suassuna (foto). Encantador e jovial, mesmo nos seus mais de oitenta anos de existência, esbanjou sua elegância: de terno escuro, camisa e meias vermelhas. O escritor divertiu a plateia o tempo todo, falando jocosamente de coisas sérias e destacando, nas entrelinhas de seu discurso, o valor do culto à literatura de qualidade e ao posicionamento ideológico claro, como o de Euclides da Cunha, em um tempo de tanta relativização. Um verdadeiro show, tal qual o epíteto na programação do seminário prometia. Ouvir a sabedoria de Ariano, em suas palavras irônicas e contundentes, fez com que o público presente se elevasse e pudesse dali partir com a lembrança desse que foi um final de semana inesquecivelmente enriquecedor.